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Independência ou morte?

Mais de 2 séculos após o famoso grito às margens do Rio Ipiranga aproveitamos as oportunidades ou as desperdiçamos?

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Créditos: “O grito do Ipiranga”, 7,60 m x 4,51 m, Pedro Américo, 1888. Museu Paulista/USP, SP.

Independência ou Morte? O que queremos 202 anos após o famoso grito às margens do Rio Ipiranga?  Foi esta movimentação emblemática, que resultou com o processo de independência do Brasil de Portugal, que uma vez declarada, o nosso país, transformou-se em uma monarquia e o próximo passo, foi a coroação de D. Pedro I.

D. Pedro de Alcântara, em seu primeiro reinado, tomou essa atitude, em um 7 de setembro, às margens de um rio, o Ipiranga, na cidade de São Paulo, é o que conta a história!

Resumidamente falando, as medidas modernizadoras implantadas no período do reinado de D. João VI, a consequente elevação à condição de Reino Unido em 1815, que tira do Brasil a condição de colônia, a Revolução Liberal do Porto, de 1820, que reivindicava o retorno do rei à Portugal, foram fatores que conduziram D. Pedro I, ao posto de Príncipe Regente do Brasil.

À esta altura e com os ânimos aquecidos, as cortes portuguesas cobravam a revogação das medidas implantadas por aqui, por meio das ações de D. João VI e queriam inclusive, o retorno do príncipe regente ao seu país.

Os caminhos da Independência

Ouso imaginar, que já bem “abrasileirado” e com certa resistência às vontades portuguesas, D. Pedro I não pestanejou e com o fatídico “Dia do Fico”, informou que permaneceria no Brasil e de pronto, no “Cumpra-se”, determinou-se que as ordens portuguesas só seriam cumpridas no Brasil com o seu aval.

Daí, o famoso grito da independência, que por muitos tem sua veracidade questionada, ocorreu às margens do Rio Ipiranga, no dia 7 de setembro em 1822. Para a aclamação de D. Pedro como Imperador, foi um pulo. Já no mês seguinte, em um 12 de outubro, o até então Príncipe Regente, foi proclamado Imperador e em menos de dois meses foi coroado D. Pedro I.

Pelo visto, desde sempre o brasileiro não sossega! Após a declaração de independência, conflitos ocorreram nos estados do Pará, Maranhão, Bahia e na Cisplatina, que foi o nome dado a uma pequena província do império português e posteriormente brasileiro, que compreendia o Uruguai. O local era conhecido também como Banda Oriental.

A ocorrência da independência está diretamente relacionada com eventos que foram iniciados na primeira década daquele século, ano em que a família real portuguesa veio para o Brasil, afugentada pela invasão francesa em Portugal e é aí que tudo se inicia.

Por aqui, em solo brasileiro, a presença real, ocasionou muitas mudanças que contribuíram para o desenvolvimento comercial e econômico. Justo dizer, que contribuiu também para a independência, naturalmente. Nesse período, era efervescente o processo de desenvolvimento no Brasil, graças à performance visionária de D. João VI, rei de Portugal.

Com ele, foram autorizadas a abertura dos portos a nações amigas, fator que contribuiu com o desenvolvimento da economia por força das relações comerciais entre brasileiros e ingleses.

Em suas atitudes visionárias, o então Rei de Portugal, confirmava uma clara intenção de modernizar o país. A pretensão era fazer com que o Brasil saísse do patamar de colônia, mas de fato, figurasse como parte integrante do Reino de Portugal.

Ao decretar a elevação do Brasil para parte do Reino Unido, D. João VI confirmava formalmente essa integração.

Um rei ousado

Em terras muito diferentes da sua origem, imagino, que D. João VI tenha sido um rei atípico, preso aos percalços característicos de sua família, mas disposto a fazer do Brasil uma terra mais culta e próspera. Com pouco tempo de sua permanência por aqui, o rei já incentiva o interesse do povo pela educação e investia na inserção da literatura brasileira no ensino público.

Apesar das dificuldades dos séculos passados, completamente sem aparatos da tecnologia, D. João VI promovia ações que proporcionassem recursos para a instalação de equipamentos culturais e educacionais, gerando oportunidades de desenvolvimento em várias partes do país.

Nosso rei era um clássico intelectual “antenado”, que com atitudes certeiras, deixava clara a sua perspectiva de modernização do país, caso contrário a chancela de “colônia portuguesa” ficaria cada vez mais fortalecida e não era essa a sua expectativa.

Decretar a elevação do Brasil para parte do Reino Unido, sugeria mudanças ousadas e com esta iniciativa, de pronto o país passava a ser chamado de Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Fato aparentemente bobinho, mas cumpria o objetivo de evitar que o Brasil seguisse o caminho da fragmentação revolucionária, sabidamente e com o exemplo acontecido na relação entre os Estados Unidos e a Inglaterra, era visível, que não seria bom.

Mas estamos no Brasil não é mesmo minha gente!!

As revoluções

Mesmo com os avanços percebidos com a presença real por aqui, as demonstrações de insatisfação eram pontuadas por meio da revolução Pernambucana em 1817. O aumento dos impostos em grande escala e as interferências na administração daquela capitania, foram atribuídas à presença da família real por aqui.

Naquela época, as revoluções eram reprimidas com violência e a Pernambucana não foi diferente, mas D. João VI, anos mais tarde precisou conviver com as crises e insatisfações em Portugal.

Mais revolução, desta vez no Porto em 1820, que aliás, foi o pontapé para o processo de independência do Brasil.

É que a burguesia portuguesa, focada nos ideais liberais, incomodadas com as transformações positivas que aconteciam no Brasil e feridos em sua vaidade de não terem em solo português a presença do Rei e, portanto, o título de sede do império português, insistiram no retorno do rei para Portugal.

O Brasil avançava com o fortalecimento de sua economia, mas ganhava força a exigência portuguesa, para a retomada de Portugal, pelo monopólio comercial sobre o Brasil. Isso, claro, não foi bem-visto por aqui, já que ficava clara também o interesse de Portugal em tratar o Brasil como colônia.

D. João VI, coitado, pressionado pela movimentação em Portugal, optou por regressar à Europa e com ele foi uma multidão, além de muitas riquezas em forma de ouro e diamantes. Apesar de já ter citado isso, foi nesse momento que D. Pedro I tornou-se o Príncipe Regente no Brasil.

Dia do fico

As medidas impopulares aos olhos brasileiros, por parte das cortes portuguesas e a insistência em exigir que o Príncipe Regente voltasse também para Portugal, foram dando força para o pensamento de independência.

Com uma sequência de fatos e com a chegada da ordem, que exigia o retorno do príncipe para Portugal em 1821, fica motivada a criação do Clube da Resistência. (Percebam que esse termo é insistentemente usado até hoje em alguns nichos, eita!).

Por aqui o movimento era contrário, por isso, em janeiro de 1822, em uma audiência do Senado, um documento com mais de 8 mil assinaturas foi entregue a D. Pedro exigindo, da mesma forma, a permanência do príncipe regente no Brasil.

D. Pedro I, que segundo consta gostava era da vida boa e não era muito afeto a obedecer a ordens, ficou sugestionado com este apelo do senado e não se fez de rogado, foi logo deixando seu legado histórico com a célebre frase: “Como é para bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto; diga ao povo que fico”.

Vai saber se foram essas palavras mesmo que ele utilizou, mas como gostamos de divulgar os fatos, crescemos aprendendo assim né?!

E o Brasil segue, bem ou mal

Como era de se esperar, a sucessão dos acontecimentos nos momentos seguintes foram responsáveis por incitar no Brasil a ruptura com Portugal.

E a partir daí meus amigos leitores, inúmeros fatos foram desenrolando e desenhando a trajetória social e histórica de nosso país. Fato é que em 2024, já temos um século XX inteiro e chegamos aos primeiros 25 anos do século XXI e como todos sabemos, o povo Brasileiro não sossega.

Continuam as revoluções, continuam os desencontros, permanecem as brigas pelo poder, o Brasil segue crescendo desenfreadamente em alguns aspectos e é amplamente podado em outros tantos por força dos interesses políticos e econômicos e nós, pobres mortais, ficamos aqui em nossos cantinhos da sociedade brasileira, assistindo passagens históricas, fatos comerciais significativos, processos de desenvolvimento, corridas para a industrialização, mas que falta nos faz um cérebro privilegiado como o de D. João VI.

Infelizmente herdamos muito mais os hábitos mundanos e, por boas vezes, irresponsáveis do príncipe regente, do que o ímpeto desenvolvimentista, intelectual, culto e com visão futurista de seu pai o Rei, que voltou para Portugal e levou com ele a esperança de um Brasil mais esperto, mais dinâmico, mais honesto e socialmente mais justo séculos mais tarde.

O 7 de setembro, continua sendo para todos nós, uma data emblemática e significativa, mas admito que existem ainda, muitos “príncipes regentes” por aí, que preferem “curtir o feriado”, a entender os fatos e a movimentação interesseira e política que nos trouxeram até aqui, nosso cenário atual.

Por essas e outras é que fico aqui, no meu dia a dia com as ações em torno da produção de atividades e ações culturais e turísticas, tentando contribuir com um processo sincero de desenvolvimento de territórios e de pessoas por todo esse país.

 Mas agora com o advento da internet, com o mundo na palma de minhas mãos, fico analisando os conflitos dos poderes no Brasil, a defasagem de oportunidades na educação, o crescimento da cultura do assistencialismo, o emburrecimento forçado da população e tantas outras coisas que suplantam os fatos positivos, que me deito todos os dias para descansar, mas me pego refletindo, até quando vai valer a pena o esforço de tantos?

202 anos depois: independência ou morte?

Como também sou da música, recorri à letra do Hino da Independência, que é uma canção criada em homenagem à Independência do Brasil, com letra baseada no poema do escritor Evaristo da Veiga, que apoiou o movimento da independência, para confirmar o título que dei à esse texto de hoje.

Já podeis da Pátria filhos, ver contente a mãe gentil; já raiou a liberdade, no horizonte do Brasil. Brava gente brasileira! Longe vá temor servil, ou ficar a Pátria livre, ou morrer pelo Brasil. Os grilhões que nos forjava, Da perfídia astuto ardil… houve mão mais poderosa… zombou deles o Brasil; não temeis ímpias falanges, que apresentam face hostil; vossos peitos, vossos braços são muralhas do Brasil; parabéns, ó! brasileiros! Já, com garbo varonil, do universo entre as nações resplandece a do Brasil

E aí fico me perguntando, 202 anos depois, o que será mais adequado, independência ou morte? Reflitam aí.

Antes de encerrar, preciso deixar os créditos de minha pesquisa histórica aos sites Brasil Escola e Toda Matéria , que foram as fonte fundamentais para a elaboração do conteúdo de hoje.

Até a próxima.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.