Abeta Summit 2024 debateu a prevenção das queimadas no Brasil
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Maior encontro de ecoturismo do país debateu os caminhos para prevenção das queimadas no Brasil

Especialistas discutiram a importância da gestão planejada do fogo, o impacto dos incêndios no país e os desafios climáticos e estruturais enfrentados

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Fala de Bianca Thais Zorzi durante o Abeta Summit 2024 (Foto: Fernando Veloso Leão/Abeta)

O Abeta Summit 2024 –  21º Congresso Brasileiro de Ecoturismo e Turismo de Aventura –, que ocorreu em Foz do Iguaçu, trouxe ao palco Bianca Zorzi, coordenadora de Manejo Integrado de Fogo (CMIF), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), e Natália Crusco, representante do MapBiomas, para um painel sobre a gestão de incêndios e a nova Política Nacional de Manejo Integrado de Fogo. Sob o título “Fogo!!! Se não cuidar, vai queimar tudo”, a discussão abordou os conceitos, práticas e dados relacionados as queimadas em território nacional.

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Bianca destacou uma distinção fundamental para o entendimento público: “O fogo em si não é intrinsecamente ruim. O que assusta são os incêndios — todo fogo descontrolado que incide sobre a vegetação. Já a queima é planejada e tem objetivos específicos”, explicou. O desafio atual, segundo ela, vai além do combate; requer planejamento, preparo e prevenção, integrando educação ambiental, queimas prescritas e parcerias comunitárias.

Impactos e desafios recentes

O cenário de 2024 é crítico, marcado por mudanças climáticas que resultam em alterações no regime de chuvas e aumentos significativos de temperatura. “O uso inadequado da terra e a falta de estrutura nos órgãos ambientais, que enfrentaram um desmonte nos últimos anos, tornam o manejo eficaz do fogo ainda mais difícil”, pontuou Bianca. Essa falta de estrutura reflete-se na contratação de brigadistas e na realização de atividades preventivas e de fiscalização.

Já Natália trouxe uma análise quantitativa ao debate, baseada nos dados do MapBiomas. De 1985 a 2023, 199,9 milhões de hectares foram afetados por queimadas no Brasil, representando 23% da área total do país. “Só em 2023, 16 milhões de hectares foram queimados, concentrados principalmente no Cerrado e na Amazônia, que juntos somaram 86% da área afetada”, explicou.

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Avanços na legislação e ações futuras

Um marco importante para o manejo do fogo foi a aprovação da Lei 14.944, de 31 de julho de 2024, que torna a Política Nacional de Manejo Integrado de Fogo uma exigência legal. “Antes, tínhamos uma abordagem focada apenas no combate, mas agora a integração das etapas de preparação e prevenção é obrigatória”, salientou Bianca. A política prevê planejamento estratégico, capacitação de brigadistas e parcerias com comunidades locais para fortalecer a defesa contra queimadas.

Dados de 2024 mostram um cenário alarmante: de janeiro a setembro, mais de 22 milhões de hectares foram queimados, com setembro sozinho registrando 10 milhões de hectares atingidos — o que reforça a urgência de práticas preventivas e sustentáveis. “Precisamos agir coletivamente para proteger nossos biomas e manter um equilíbrio que preserve a biodiversidade e o desenvolvimento sustentável”, concluiu Natália.

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Maior congresso do turismo de natureza do país

Realizado pela Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta), o Abeta Summit 2024 começou oficialmente na quarta-feira (30) e se encerrou no sábado (2) no Centro de Convenções de Foz do Iguaçu. Comemorando os 20 anos de atuação da Abeta, o congresso reúne mais de 500 profissionais do setor para discutir o futuro do turismo de aventura e ecoturismo no país. Ao longo do evento, ocorre ainda a exposição (Re) Descobrindo o Brasil, que recebeu mais de mil visitantes, entre empresários, operadores turísticos, estudantes e entusiastas do segmento. O espaço tem, entre outras atrações, simuladores de atividades realizadas pelo país, como a Tirolesa de Bike, um passeio a 120 metros de altura entre as paredes de um cânion na serra de Santa Catarina, e simulador de voo livre em Governador Valadares (MG). 

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