O fantasma da inadimplência na hotelaria

Uma das principais preocupações da hotelaria como segmento integrante da cadeia de serviços sempre foi a inadimplência. Sabemos que as margens de lucro e a liquidez da atividade não são usualmente tão altas quando comparadas com outras áreas do comércio face o valor total do investimento inicial e os custos fixos e variáveis inerentes a hospitalidade. Devido a isso, uma gestão eficaz das Contas a Receber, passando pela análise de crédito de empresas, agências de viagens e até mesmo de pessoas físicas culminando com controles de prazos de cobranças, são de absoluta importância para a manutenção de um fluxo de caixa saudável que permita honrar as contas a pagar, impostos e salários em dia evitando assim a redução da margem de resultados financeiros.

O assunto volta à baila com força na hotelaria com a recente divulgação de problemas com a plataforma 123milhas, uma das OTA´s surgidas recentemente, mais precisamente em 2017 na capital mineira. O tema tem sido recorrente pois ainda discute-se outra situação recente envolvendo a Hurb (antiga Hotel Urbano) que igualmente tornou-se inadimplente causando transtornos a inúmeros viajantes e também a fornecedores, dentre eles boa parte dos hotéis em atividade no Brasil.

O que fazer para evitar a inadimplência

Torna-se de fundamental importância para os gestores hoteleiros estarem cada vez mais atentos e dedicarem precioso tempo, juntamente com seu setor financeiro, para análises preventivas e cuidadosas de suas carteiras. O mundo digital trouxe inúmeros facilitadores para a atividade mas também embarcou novos riscos e possibilidades mais difusas para reduzir problemas no recebimento de faturas após os serviços prestados. Muitas dentre as novas plataformas estão baseadas em endereços virtuais de difícil localização física sendo o contato muitas vezes feito somente através de chats ou envio de mensagens frequentemente nunca ou tardiamente respondidas. Desta forma, a sugestão que faço como consultor estratégico junto aos hotéis que presto serviços, sempre aponta para que a equipe de líderes realize com maior frequência suas reuniões internas de concessão de limites de crédito e análise da rotação do contas a receber 30, 60, 90 ou mais dias, conforme procedimento padrão de controladorias. Executem “Due Dilligences” que são as pesquisas corriqueiras via internet da situação da empresa ou agência incluindo seus sócios, capital social declarado, consultas ao Reclame Aqui e Órgãos de Defesa do Consumidor, emissão de certidões negativas pelo CNPJ.

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Acompanhar o noticiário econômico, o valor das ações (no caso de empresas de capital aberto) também ajudam a minimizar problemas pois frequentemente existem sinais e indícios claros quando algo não vai bem com uma empresa antes mesmo que a situação seja oficializada e divulgada. Troque informações com outros gestores através das nossas eficazes redes de comunicação direta através das redes sociais. Muitas vezes a obtenção de um contato estratégico junto a empresa devedora que seja de conhecimento de um colega de setor pode facilitar a cobrança e garantir o recebimento de valores em aberto sem a necessidade de recorrer ao seu jurídico.

Um mau acordo pode ser necessário

Esteja também preparado para um eventual acordo que facilite o pagamento por parte do devedor pois muitas vezes o ditado: “mais vale um mau acordo do que uma boa demanda” se mostra factível. Não deixe sua carteira de cobrança se elevar proibitivamente em valor percentual do seu faturamento médio pois isso causará sérios problemas de caixa e eventuais endividamentos junto a instituições financeiras e parcelamento de tributos mediante juros e multas. Valores em aberto se tornam cada vez menos recebíveis a medida que o tempo passa portanto adote uma política interna eficaz de cobrança verificando inclusive contas paradas em seu sistema hoteleiro (usualmente elas estão no front – contas para onde são transferidos valores não cobrados).                   

Maarten Van Sluys

Consultor Estratégico em Hotelaria

MVS Consultoria

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