O Carnaval brasileiro e o mistério do Zé Pereira
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O Carnaval brasileiro e o mistério do Zé Pereira

Quem é, de onde veio o Zé Pereira, que frequenta tantos carnavais ao mesmo tempo? Afinal, quem foi o Zè Pereira, tão festejado em blocos, bandas e cortejos no carnaval brasileiro?

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Foto: Acervo José Antônio Braga

É meus amigos, o Carnaval chegou novamente e em todo o Brasil, o que temos são os eventos preparatórios para a grande folia no começo de março.

A Bahia já deu o tom para os sucessos musicais do ano, o Rio de Janeiro, outro polo referência da festa, já está quentíssimo e preparado para a folia, Recife e Olinda, prometem um carnaval com muita cultura, frevo e um Galo da Madrugada chega esse ano em Recife com uma escultura batendo recordes com seus 32 metros de altura, totalmente reciclável, sustentável, social e democrático e nas Cidades Históricas de Minas Gerais com agendas concorridas nos pré-carnavais!

Para nós sobrou a tarefa de descobrirmos, quem é, afinal de contas, o tão falado Zè Pereira, que é tradicionalmente comemorado em várias cidades brasileiras, em especial em Minas Gerais.

Fazendo uma pesquisa rápida, descobri, que em Minas Gerais Itabirito, Ouro Preto, Mariana, São João Del Rei e Diamantina, são algumas das cidades onde o Bloco do Zé Pereira ganha as ruas, arrasta multidões e faz a festa dos foliões, antecedendo a festa e nos dias de folia.

Em Itabirito

Em alguns casos, o Bloco do Zé Pereira abre o calendário oficial da folia, já na noite da quarta-feira, que antecede a data oficial da festa, com um cortejo dos mais animados pelo centro histórico de Itabirito, a 53 km de Belo Horizonte, com direito a bateria especial, ritmistas muito bem ensaiados e com a participação de muitos Bonecões, que homenageiam personalidades locais, de diversos segmentos sociais, como saúde, política, educação, religiosidade, dentre outros.  

Foto: Acervo Márcia M. F. Silva

O Zé Pereira de Itabirito é famoso por sua energia contagiante e sua capacidade de reunir pessoas de todas as idades e origens. O cortejo pelas ruas históricas, subindo as ladeiras com bastante ritmo e com as figuras retratadas nos bonecões, é uma verdadeira instituição na cidade, além de ser uma história que se estende por décadas.

Se você está procurando por uma experiência autêntica de carnaval em Minas Gerais, o Bloco do Zé Pereira de Itabirito é um destino imperdível! Eu já fui e garanto, é um luxo, a melhor forma de começar a farra, já na quarta-feira!

Até onde consegui investigar, o Zé Pereira é um personagem fictício. Segundo consta, esse nome foi criado por compositores e intérpretes de música popular brasileira, especialmente no contexto do carnaval, mas há quem diga que o Zé tenha origem em Portugal.

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São várias versões e pelo visto de acordo com a região onde a manifestação cultural acontece, a comemoração se dá de um jeito.  De forma geral, o Zé Pereira é bradado pelo Brasil e no fim das contas, as referências mais detalhistas, descrevem mesmo uma figura boêmia que caracteriza o início do carnaval.

O Zè Pereira carnavalesco, é igual Papai Noel, a gente sabe que é importante para a festa, mas nunca o vimos. O Zé Pereira, tem uma performance de bonachão, sempre alegre, mulherengo, conquistador e folião ao extremo. Não é atoa que ele aparece em mais de um município durante a mesma festa!

A verdade, é que a tradição do Zé Pereira, tem origem incerta, mas de fato, tornou-se uma marca do carnaval brasileiro e isso não vem de hoje! No período entre 1930 e 1950, algumas músicas conhecidas, já homenageavam essa figura, como por exemplo, “Zé Pereira” de Getúlio Marinho e “O Canto de Zé Pereira” de Heitor dos Prazeres.

Embora seja um personagem inautêntico, ele se tornou um símbolo do espírito carnavalesco no Brasil, representando a alegria, a música e a dança.  

O bloco Zé Pereira e o carnaval de Ouro Preto

O bloco Zé Pereira dos Lacaios, é um dos mais tradicionais e emblemáticos do carnaval de Ouro Preto e dizem, que é o mais antigo do Brasil e deve ser mesmo, afinal foi fundado em 1840 e tem até hoje uma performance alegre e colorida, mas ainda bastante tradicional, apesar de toda irreverência!

Ouro Preto oferece um carnaval bastante atrativo. A cidade tem uma atmosfera especial e inegavelmente histórica, com um emaranhado de ruas estreitas, um casario colonial fabuloso e que se enfeita com alegria, muita música e uma juventude festeira, que explora ao máximo, as sensações que o evento sugere.

Colhendo mais informações, li na internet, segundo o historiador e analista de pesquisa do Paço do Frevo de Recife Luiz Vinicius Maciel, que o Zé Pereira, o do carnaval, seria uma figura ligada a produção de comida, por isso a aparência barriguda de um homem guloso e beberrão, desses barulhentos por onde passa. E dizem também, que um adereço permanente do Zé Pereira, era o seu bumbo, um instrumento de percussão, usado para atrair as pessoas para um festejo improvisado.

Foto: Acervo José Antônio Braga

Seja em Minas Gerais, no Rio de Janeiro ou Pernambuco, o Zé Pereira marca presença nas prévias de carnaval e lançou a moda dos bonecos gigantes, que até hoje geram empregos indiretos aos mestres do artesanato, que se inspiram na história local, ou na irreverência dos conhecidos bonecões de Olinda, que aliás entrega um dos melhores carnavais do país.

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Em muitos cantos do Brasil, os bonecões de carnaval relembram personagens, contam suas histórias e enfeitam a mais tradicional festa popular brasileira!

São muitas informações sobre a tradição do Zé Pereira e gostaria de esmiuçar mais este conteúdo, mas de fato, apesar de ter solicitado algumas contribuições em algumas cidades, por algum motivo, elas não chegaram em tempo!

O que sei, é que desde criança, antes de pensarmos no carnaval propriamente dito, aguardávamos ansiosos e com certo medo, o barulho dos tambores do bloco Zé Pereira.

A turma animada se anunciava de longe, com o grito dos participantes e com o a sonoridade dos tambores que acompanhavam as figuras cabeçudas e que metiam medo nas crianças!  A meninada curiosa se juntava nas esquinas com muita cautela, para não serem vítimas do “Capetão”, que com sua cara vermelha e seus chifres pretos, sempre nos espantava, correndo atrás de quem se atrevesse a troçar com ele!

O Cortejo animado passava e nós, suados e eufóricos, voltávamos para casa em grupos, ouvindo o bloco se afastar, “ZÉ PEREIRA, TUM TUM TUM, ZÉ PEREIRA, TUM, TUM TUM TUM… e dormíamos sabendo, que a partir dali, já era carnaval!

Para quem ainda não viveu a emoção de ver o Zé Pereira passar, ainda dá tempo de se programar e partir para esta aventura pré-carnavalesca!

Por hora, desejo um bom carnaval para todos vocês! Até a próxima!

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.