Nalva Cozinha Autoral à beira do Rio São Francisco em Alagoas
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Gastronomia

Nalva Cozinha Autoral e os suspiros poéticos à beira do Rio São Francisco em Alagoas

Restaurante na cidade de Piranhas recebeu chefs e convidados para o encerramento da semana da Rota dos Pescados alagoanos

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Chefs Antônio Mendes, Fabrício Lemos e Lisiane Arouca com equipe do Nalva Restaurante no encerramento da semana Rota dos Pescados Alagoanos (Foto: Thiago Paes @paespelomundo)

Um restaurante que surpreenderia se estivesse em qualquer hotspot gastronômico de qualquer cidade. Mas, para colocar poesia numa culinária pensada a partir de insumos locais, que vivencia produtores, que reconhece a força e resistência do sertão espelhada na figura dos cactos, esse restaurante foi para a beira do Rio São Francisco. O Nalva Cozinha Autoral e a equipe do chef Antônio Mendes são o ponto de chegada e partida da nossa ida, mais uma vez, a cidade de Piranhas no sertão alagoano.

A primeira que estive no Nalva foi em 2022, num período ainda ressaqueado pelos auspícios da pandemia. Era preciso olhar o Brasil e suas regionalidades, por isso junto com o Movimento Supera Turismo viajei pelos quatro cantos do país, vivendo um novo turismo. Descobri Canindé de São Francisco, os Cânions do Xingó, a cidade de Piranhas numa mistura geográfica limítrofe entre Sergipe e Alagoas.

Chefs e convidados da Rota dos Pescados (Foto: Thiago Paes @paespelomundo)

Entre tantas regionalidades, em genuínos estereótipos do mar e terra Nordestino, o Nalva surgiu como o simples universal. Um nhoque de banana da terra incrivelmente bem feito e apresentado. Um pão de macaxeira cortado em generosas lascas. Uma cartola – a sobremesa que é o estandarte do Nordeste – universalmente nordestina, como diria Guimarães Rosa.

Rota dos Pescados Alagoanos

Voltei ao Nalva para um projeto muito especial, a Rota dos Pescados Alagoanos. O chef Antônio, que também é pescador, juntou uma turma de peso para enaltecer os insumos que fazem parte da cultura culinária nordestina, em especial a alagoana. Foram 4 jantares, de Milagres à Piranhas, vários chefs. O encerramento da semana dos pescados à beira do Rio São Francisco foi marcado por uma celebração ao mar, à Piranhas, à Alagoas.

Chefs e convidados da Rota dos Pescados. Foto: Thiago Paes @paespelomundo

São Francisco à dentro, seguimos para a Ilha do Ferro para conhecer os ateliês dos artesãos alagoanos. Outra parada foi na cidade de Entre Montes e os bordados que fazem parte do imaginário e folclore brasileiro. Num pequeno pedaço de terra que forma uma prainha exclusiva, uma linda recepção elaborada pelo receptivo Além dos Quênios (@alemdoscanions).

De uma elegância ímpar, as sócias Jéssica e Maria organizaram um almoço, junto com a equipe do Nalva, num lugar que é um verdadeiro paraíso. Com todo o conforto e delicadeza, fomos recebidos com músicas populares brasileiras, uma decoração feita exclusivamente para aquele momento, e os pescados e pratos frescos do dia. O luxo do sertão e suas riquezas!

Entre Montes – Alagoas (Foto: Thiago Paes @paespelomundo)

Jantar à beira do Velho Chico

Foram dois jantares: o primeiro feito pela equipe do Nalva para receber os convidados. No cardápio: o interessante Hot Bode, um sanduiche com linguiça de carne de bode e chips de macaxeira. A terrine de rabada – espetacular! E também o arroz de bode com um carré do mesmo – uma imersão no sertão e suas peculiaridades.

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Depois, um jantar feito a muitas mãos. Os chefs alagoanos Jonatas Moreira, Rafael Benamor, Roger Lima e Antônio Mendes sempre juntos em todos os jantares comemorativos da Rota dos Pescados, no encerramento, no Nalva, receberam Fabrício Lemos e Lisiane Arouca. O que falar desse casal que desbrava qualquer esteriótipo geográfico do que é comida brasileira, e leva a Bahia para o mundo? Eu sou tão fã do casal Lemos e Arouca que precisaria de outras tantas oportunidades para reverenciar tamanho talento, espiritualidade, devoção por meio da gastronomia.

Roll de pitú e sonho de vatapá (Foto: Thiago Paes @paespelomundo)

No menu, entradas de camarão pitú, milho assado. Principal de tucunaré na brasa, cactos, black angus de sol, mini baião. E a sempre impecável sobremesa assinada pela chef Lisiane: queijadinha com brigadeiro de goiaba creme de queijo e sorvete de nata goiaba.

Foto: Thiago Paes @paespelomundo

E foi assim, que o jantar de encerramento da semana da Rota dos Pescados se mostrou brasileiro, nordestino, poético à beira do Velho Chico. O São Francisco continua a existir, persistir, resilir. Ensinando ao mundo outros pontos de partidas. Recomeços. A gastronomia brasileira precisa reconhecer sua pluralidade, sua conexão com a cultura local, origens, identidades. Foi poético, foi elegante, foi lindo! Um menu impecável em tudo. Bravo Antônio e chefs! Bravo Nalva! Esta também é uma reverência ao Sertão.

Thiago Paes é colunista de viagem e gastronomia. Apresentador de TV no canal Travel Box Brazil e Amazon Prime. Está nas redes sociais como  @paespelomundo. Press: contato@paespelomundo.com.br

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