Hotelaria
Uma breve história da condo-hotelaria ‘made in Brazil’
Saiba como se deu a expansão do parque hoteleiro no Brasil em uma época em que o país vivia uma de suas crises econômicas.
No programa de abertura da segunda temporada do Podcast Gestores da Hotelaria na última 6ªfeira (dia 15), Marcos Valério Rocha e eu conversamos com o hoteleiro Orlando de Souza (Presidente – Executivo do FOHB: FORUM DE OPERADORES HOTELEIROS DO BRASIL) que congrega atualmente 24 redes hoteleiras nacionais e internacionais presentes no Brasil, totalizando 121 mil apartamentos distribuídos por seus 786 hotéis associados que juntos geram 135 mil empregos diretos). Orlando é sem dúvida alguma uma das nossas “lendas vivas” na hotelaria brasileira. Nas últimas quatro décadas ele atuou ativamente na transformação do setor hoteleiro brasileiro, participando ativamente no surgimento e desenvolvimento de um modelo de negócio genuinamente brasileiro: O Condo-hotel (Condomínio – hoteleiro), modelo hoje consagrado e sem dúvida responsável direto pela expansão do parque hoteleiro no Brasil a partir da década de 80 quando, por razões bastantes claras, vivíamos uma estagnação qualitativa na hotelaria nacional.
Período de crise
Uma combinação de fatores que a princípio não tinham nada em comum promoveu uma oportunidade de negócio que mudou a história da hotelaria brasileira. Desde o final da década de 70 e início da década de 80, o Brasil vivia uma de suas crises econômicas, era o fim do ‘milagre econômico’ que oficialmente durou 5 anos (1968 a 1973), quando a crise internacional do petróleo, explosão da inflação, aumento do desemprego e consequentes baixas taxas de crescimento deixou marcas profundas em nossa economia.
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Este cenário macroeconômico gerou uma crise sem igual no mercado imobiliário, em especial na cidade de São Paulo onde predominava o excesso de oferta e baixa demanda para aquisição de unidades habitacionais. No setor hoteleiro por sua vez a crise era de oferta de hotéis ante a queda de demanda da ocasião. Com o fim dos incentivos governamentais para a construção de novos hotéis e renovação dos existentes somados às taxas de juros escorchantes das linhas de créditos inviabilizou-se o surgimento de novos empreendimentos hoteleiros.
Condo-Hotelaria
A somatória desses elementos de mercado com a genialidade visionária de um executivo hoteleiro vindo da França, Jean Larcher, que, conforme descreveu metaforicamente Orlando, “mirou no que viu e acertou o que não viu”, foram o estopim para o surgimento, crescimento e a posterior formatação jurídica dos flats ou apart hotéis. Uma solução de negócio que atendia o setor imobiliário e hoteleiro na cidade de São Paulo, que poucos anos depois espalhou-se por todo Brasil. Gostem alguns hoteleiros tradicionais ou não é inequívoco que este criacionismo: “a jabuticaba da hospitalidade brasileira” foi diretamente responsável pela modernização de nossos meios de hospedagem em especial nos centros urbanos através da pulverização do investimento necessário para erigir novos empreendimentos.
Diferente dos atuais Condo-Hotéis nos quais 100% das unidades hoteleiras destinam-se a atividade hoteleira nos Apart-Hotéis com serviços agregados a atividade é regulada entre um “pool hoteleiro” no qual o proprietário da unidade disponibiliza seu apartamento para a finalidade hoteleira e um condomínio tradicional onde ele pode residir, locar ou ceder sua unidade, ficando o rateio de despesas condominiais e IPTU, fundos de reserva e seguros sob sua responsabilidade. Ambos modelos são regulados por instrumentos jurídicos bastante claros e suas normas propostas pela sócia-ostensiva do negócio, via de regra a administradora hoteleira e submetida a aprovação prévia dos proprietários através de Assembleias.
“O êxito e a rentabilidade da atividade hoteleira estão intrinsecamente atrelados a qualidade da gestão”
Maarten Van Sluys (Consultor Estratégico em Hotelaria – MVS Consultoria)
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