COP30: esperança no futuro ou mero cumprimento de agenda?
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Cultura

COP30 no Brasil – esperança no futuro ou mero cumprimento de agenda?

Venha entender um pouco mais sobre o que será a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que acontecerá no Brasil em 2025 e como podemos contribuir com o alcance de bons resultados.

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Foto: Simon/ Pixabay

Hoje vamos falar um pouco sobre um dos mais importantes acontecimentos do ano no Brasil. De 10 a 21 de novembro, acontecerá em Belém, no estado do Pará, a edição da COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.

Trata-se de uma sequência de conferências internacionais, realizadas para discussões e tomada de decisões sobre mecanismos de mitigação das mudanças climáticas, tema importante e de grande interesse para todo o planeta.

A iniciativa, mobilização e evolução da COP

Foi da ONU – Organização das Nações Unidas, a iniciativa para criação deste movimento mundial. Em 1972, foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, que marcou o início das discussões internacionais sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentável.

Mais tarde, em 1992, quando da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92, foi adotada a Convenção – Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, com o objetivo de estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera.

A proposta era estabilizar as concentrações de gases, a um nível que prevenisse interferências perigosas no sistema climático, como resultados de atuação humana. Pois é, o cuidado tem que sempre que ser com os humanos!!!

O próximo passo, seriam as COP’s. A COP-1, ocorreu em Berlim, na Alemanha, em 1995. Ali, ficou estabelecido o “mandato de Berlim” que novamente visava a redução das emissões de gases de efeito estufa.

Ao longo dos anos, com uma intensa mobilização, a COP evoluiu, consolidando-se como um dos principais fóruns internacionais, pautando a tomada de decisões, de olho nas mudanças climáticas.

Este movimento, não se trata apenas de um grupo de intelectuais preocupados. A mobilização para o evento, envolve os governos de todos os países-membros da ONU, as organizações internacionais, tais como o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, o UNICEF, Fundo das Nações Unidas para a Infância, a OMS – Organização Mundial da Saúde, dentre outros tantos interessados, que participam da COP.

 A sociedade civil não fica de fora. Esta participação se dá por meio das ONG’s, que são as Organizações não Governamentais, dos movimentos sociais e ativistas climáticos. Por outro lado, o setor privado se manifesta, por meio das empresas e indústrias, que também estão na COP, para discutirem sobre formas de mitigação das mudanças climáticas, tentando soluções e a tecnologia.

O ideal, seria não precisarmos de toda esta movimentação em favor de mais qualidade de vida, mas o ser humano é a parte inquieta da terra e remexem tanto, que estragam tudo, daí a necessidade de se redimir!

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A COP tem sido uma referência importante para o alcance de resultados e nos orienta para as boas práticas. Ao longo dos anos, observamos pontos importantes definidos nas principais conferências já realizadas. Cada uma delas nos deixou um aprendizado, o problema é que o mundo e o Brasil, nem sempre dão a atenção necessária para uma mudança efetiva para apresentarmos um comportamento sustentável.

Protocolos e acordos realizados durante as COPs

 A COP-3, realizada em Kyoto em 1997, estabeleceu o conhecido “Protocolo de Kyoto”. Foi alí que foram fixadas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa. Já a COP-15, de Copenhague em 2009, efetivamente não alcançou nenhum acordo vinculante, o que gerou muitas críticas, mas estabeleceu o “Acordo de Copenhague”, no qual destacamos os principais pontos que incluem Limitar o aquecimento global a 2°C acima dos níveis pré-industriais, as surpreendentes metas voluntárias de redução de emissões, em vez de metas obrigatórias como nos protocolos anteriores e o financiamento climático, com a promessa de fornecer até US$ 100 bilhões por ano até 2020 para apoiar os países em desenvolvimento a mitigar e se adaptar às mudanças climáticas.

Na COP-21, realizada em Paris no ano de 2015, adotou-se o “Acordo de Paris”, que estabeleceu metas de redução de emissões de gases de efeito estufa e limitou o aquecimento global a menos de 2°C.

COP30 em Belém

Em novembro será a vez da COP30, a ser realizada em Belém, no estado do Pará. Com uma visão esperançosa, esse evento é uma oportunidade para o Brasil reafirmar seu papel de liderança nas negociações sobre mudanças climáticas e sustentabilidade global, em contrapartida, sabemos que atualmente o governo federal enfrenta uma onda de desaprovação popular, uma inflação descontrolada, principalmente no que tange os combustíveis e a alimentação e sendo muito sincero, não vejo o povo brasileiro tão atento à importância das discussões a serem estabelecidas na edição brasileira da Conferência.

Na COP30, a temática da redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa não sai de cena e pretende-se discutir nas mesas da conferência, as metas e estratégias para reduzir as emissões de gases e para mitigação das mudanças climáticas.

Foto: Mario/ Pixabay

Outro ponto de atenção serão as rodadas em torno da adaptação às Mudanças Climáticas. Muito importante que sejam abordadas medidas para adaptar-se aos impactos das mudanças climáticas, como a elevação do nível do mar e eventos climáticos extremos, que já vem sendo rotina nos últimos anos no Brasil.

O Financiamento Climático para Países em Desenvolvimento, é uma outra temática que permanece e nele pretende-se que sejam discutidos mecanismos de financiamento para apoiar países em desenvolvimento na transição para uma economia de baixo carbono. Uma esperança de muitos, mas uma prática ainda muito distante para toda nossa extensão continental.

Tecnologias de Energia Renovável e Soluções de Baixo Carbono, Preservação de Florestas e Biodiversidade, especialmente na Amazônia, Justiça Climática e Impactos Sociai e a necessidade de justiça climática para comunidades vulneráveis, também serão pautas relevantes para os participantes.

Teremos resultados práticos com a COP30?

O que me deixa pensativo é se realmente será prático querermos abordagens tão técnicas, tão exigentes intelectualmente e tão importantes, quando os problemas locais são realmente, o tamanho do Brasil, as dimensões gigantescas dos problemas sociais que temos em todo território nacional, a dificuldade para formação e oferta de uma educação de qualidade, falta de qualificação, falta de emprego, fome, miséria, ostracismo, bandidagem, preguiça e um histórico secular de malandragem em todas as camadas da sociedade brasileira.

Será, que a população, a massa de fato, o povo brasileiro, terá ouvidos para tanta informação?

Vejam, que não questiono em nenhum momento a relevância das COP’s e muito menos o protagonismo do Brasil acolhendo mais uma edição da conferência, que certamente, nos dará visibilidade global, mas quando deito para descansar e minha cabeça ferve, fico pensando se todos estes investimentos, toda esta mobilização, não será mais um dos devaneios midiáticos do governo e de ativismos dos mais variados, que provavelmente farão muito barulho, mas de fato não apresentarão nenhum resultado prático para o Brasil.

Um dos principais contrapontos técnicos percebidos nas conferências até aqui, é a falta de metas juridicamente vinculantes em alguns dos acordos firmados, por exemplo, enquanto o Protocolo de Kyoto estabeleceu metas obrigatórias de redução de emissões para países desenvolvidos, acordos subsequentes, como o acordo de Copenhague, já citado neste conteúdo, adotaram metas voluntárias.

Isso pode levar a compromissos menos ambiciosos e à falta de responsabilização das nações. Vamos ser sinceros, imaginem se o brasileiro vai ter foco nesse tipo de situação, passando fome, muitas vezes sem condições até de leitura, acordando de madrugada para garantir o seu sustento e com filhos desamparados e disponíveis à criminalidade na maioria dos grandes centros do país.

Além disso, a implementação efetiva desses acordos, sempre esbarra em desafios técnicos relacionados à medição, relato e verificação das emissões de gases de efeito estufa. Vamos combinar, que se perguntarmos quem ou como se mede isso, de imediato, pouquíssimas pessoas saberão responder.

 De fato, essa falta de conhecimento, pode comprometer a transparência e a confiança entre os países participantes, verdade seja dita!

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No Brasil, a assimilação e a atenção da população aos tratados e resultados das conferências climáticas da ONU têm sido muito variadas. Embora haja um crescente interesse e preocupação com as questões ambientais, a maioria dos brasileiros ainda não estão plenamente cientes dos detalhes e da importância desses tratados. Ações de educação ambiental e a sensibilização pública são fundamentais para vermos aumentar o engajamento da população.

O que sei, é que a COP30, que será realizada no Pará, é uma oportunidade real para o Brasil reafirmar seu compromisso com a sustentabilidade. No entanto, é fundamental que os resultados dessas conferências sejam traduzidos em ações concretas e efetivas, que atendam às necessidades urgentes do país e da população.

Além disso, é essencial que haja um esforço maior para o engajamento da sociedade brasileira em relação às questões ambientais e climáticas, só assim conseguiremos construir um futuro mais sustentável e equilibrado.

Por hora é isso, vamos acompanhando esta movimentação e até novembro, com certeza voltarei a falar sobre tudo isso por aqui.

Até a próxima.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.