Sustentabilidade: o amanhã que nos espreita, estamos prontos?
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Cultura

O amanhã que nos espreita, estamos prontos para sustentar?

Acompanhe, uma reflexão crítica sobre a situação atual, a desinformação e os rumos que o Brasil precisa tomar!

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Foto: Chil Vera/ Pixabay

Este ano o Brasil tem pautado ações, atividades acadêmicas, corporativas e populares em torno da sustentabilidade, afinal estamos em ano de COP 30 no país e este evento, reunirá autoridades ambientais de todo o planeta e acontecerá na Região Norte, em Belém do Pará no mês de novembro.

Na semana que termina, tivemos o “Amazônia Live – Hoje e Sempre”, um projeto socioambiental, que chega somando forças para um mundo melhor e foi realizado pela empresa responsável pelo “Rock in Rio” e pelo “The Town”, eventos de grande expressão do calendário nacional.

Amazônia Live – Hoje e Sempre

A proposta da festa foi gerar um impacto positivo ao meio ambiente, à economia local, impulsionando o plantio de uma grande quantidade de árvores na Amazônia. Estrategicamente, o evento reuniu artistas locais, homenageando a cultura do Pará, ressaltando a importância da Floresta.

Para tanto e como parte da estratégia de ganho da atenção do mundo, a Cantora Mariah Carey foi o grande nome internacional, que passou por lá se apresentando em um cenário deslumbrante, uma estrutura de 13 toneladas, montada no meio do Rio Guamá, que corta a grande Belém. Um outro barco repleto de artistas e personalidades, esteve por perto, prestigiando este feito.

A projeção tentada, já vimos que conseguiram, em parte! A imprensa nacional repercutiu desde a insistente jaqueta usada pela estrela internacional, contrastando com o acalorado clima do Pará, até a chuvarada que caiu na região, após um período de estiagem. Mas a escuridão da noite escondeu a beleza da Amazônia, que deveria ser o cenário de um esperado espetáculo de imagens impactantes!

E eu, mero mortal, fico gastando meus neurônios, preocupando se realmente a população brasileira está preparada para entrar de vez nesse universo complexo da edição de número 30 da Conferência das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas em 2025.

Cop 30, estamos preparados?

Neste evento, o tema central será em torno das mudanças climáticas, promovendo diálogos, atividades e colóquios ao longo de 11 dias do mês de novembro, em uma Belém renovada, já que recebeu investimentos em sua infraestrutura e que se vê em um impasse sobre a capacidade de carga da hotelaria local e os exorbitantes preços nos meios de hospedagem apresentados ao mundo.

Mas, preços abusivos à parte, o que me aflige mesmo é o brasileiro. Será que estamos preparados para estes novos comportamentos tão necessários?

Particularmente, como gosto de me atualizar nos estudos, entre 2023 e 2024, cursei um MBA em ESG, à cata de uma formação voltada para profissionais que buscavam compreender e aplicar de forma prática e estratégica, os princípios de sustentabilidade, governança corporativa e responsabilidade social nas organizações.

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Queria e quero contribuir com tudo isso, mas precisava saber como começar a agir.

Ao longo do curso, nós estudantes tivemos contato com conteúdos que abordaram a integração das práticas ambientais, sociais e de governança na gestão empresarial, explorando tanto a fundamentação conceitual quanto as aplicações reais no contexto corporativo contemporâneo. Foi tudo muito intenso, mas realmente os temas nos puseram a refletir.

A experiência do MBA, segundo a instituição de ensino, foi desenhada para oferecer uma visão abrangente sobre como alinhar os negócios aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e às exigências de investidores, consumidores e sociedade, que demandam cada vez mais transparência, ética e compromisso socioambiental.

Com essa formação, além de enriquecer nosso currículo profissional, buscamos não apenas conhecermos metodologias e ferramentas de avaliação e mensuração, mas também aprendermos a estimular a construção de estratégias inovadoras capazes de gerar valor compartilhado.

Após meses de estudos, ainda me testo, confrontando conhecimentos, para me sentir apto a compreender os desafios e oportunidades da agenda ESG, a desenvolver planos de ação consistentes e atuar de forma crítica e responsável em diferentes setores no meu dia a dia.

Queria estar preparado profissionalmente para desempenhar papeis estratégicos na transformação cultural das organizações onde atuo e contribuir para que estes entes se tornem agentes efetivos de impacto positivo, conciliando crescimento econômico com responsabilidade social e ambiental.

Sinceramente, aproveitei muito a formação e me senti orgulhoso de agora ter mais este atributo em meu currículo. O problema, é que quando ando nas ruas, principalmente nos grandes centros em qualquer estado que visito no Brasil, ainda me assusto com o peso de responsabilidade que é, falarmos em sustentabilidade, diante da realidade brasileira.

Sustentabilidade: ainda um desafio no Brasil

O termo “sustentabilidade” está em alta. Ele aparece em relatórios empresariais, campanhas políticas e até em slogans publicitários, mas, na prática, o que significa ser sustentável no Brasil?

Sejamos sinceros, nosso país é retratado por contrastes! Temos a maior biodiversidade do planeta, mas convivemos com níveis alarmantes de pobreza e desigualdade social. Avançamos em tecnologia e inovação, mas infelizmente, permanecemos reféns da desinformação e da baixa participação cidadã, esta é a verdade.

A Agenda 2030 da ONU, muito robusta, nos lembra que desenvolvimento sustentável depende da integração entre a dimensão econômica, a social e a ambiental, no entanto, no Brasil, esse tripé ainda se encontra desequilibrado, com setores produtivos que buscam resultados imediatos enquanto milhares de brasileiros continuam a margem, sem acesso a direitos básicos como educação, saúde, saneamento e trabalho.

Já falei sobre isso por aqui, mas com a aproximação da COP, estas preocupações voltam a rondar minhas noites de pouco sono! Eu acredito no Brasil e não quero que sejamos desatentos a esta realidade, pois se deixarmos, a sustentabilidade corre o risco de se tornar apenas um discurso muito bonito, mas vazio.

É lógico, que não podemos generalizar, mas também não dá para disfarçar a realidade de que a maioria da população vive, diante de desafios tão grandes de sobrevivência, entre a pobreza e a desinformação. De fato, isto me incomoda muito.

Se sabemos que pelo menos dois grandes obstáculos ameaçam a construção de um futuro sustentável no Brasil, a pobreza estrutural e a desinformação generalizada, alguma reação precisamos ter.

A pobreza priva as pessoas de condições mínimas de vida, tornando-as mais vulneráveis a crises ambientais e sociais. A desinformação, por outro lado, detona a confiança nas instituições, gera descrédito em políticas públicas e impede a mobilização coletiva frente a desafios como mudanças climáticas e desigualdade.

É por isso, que a sustentabilidade não pode ser reduzida a práticas ambientais isoladas ou relatórios corporativos de ESG, importantíssimos para que se conheça o que vem sendo feito, mas não são suficientes e não alcançam a maioria da população.

Como deve ser na prática

A sustentabilidade precisa ser entendida como um pacto social, que exige educação crítica, políticas públicas consistentes e responsabilidade real do setor privado em todos os níveis econômicos.

Refletindo, lendo mais e buscando informação, entendemos que para transformarmos o discurso em práticas, alguns caminhos se mostram indispensáveis, tais como incluir os mais vulneráveis, garantindo acesso universal a direitos como saúde, moradia e saneamento.

É preciso fortalecermos o sendo democrático, assegurando transparência, participação social “integrando economia e justiça social, adotando modelos de negócios, que gerem impacto positivo nas comunidades”, como propõe o capitalismo de stakeholders, que estudamos tanto em nossas aulas de ESG.

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Há que se pensar em um plano de educação para a sustentabilidade, implementando políticas de educação ambiental e cidadã, que transformem hábitos e valores de forma coletiva e precisamos compartilhar responsabilidades entre governos, empresas, sociedade civil, por meio dos indivíduos, que decidam assumir sua parte em todo este processo.

Fato é, que sustentabilidade, não é apenas conservar a natureza. Quem dera fosse fácil assim. Antes de tudo, precisamos garantir dignidade e equilíbrio social entre muitas gerações, já que estamos tão defasados neste quesito.

Por força do meu trabalho, todos os meses sobrevoo a Floresta Nacional de Carajás, no Pará e fico encantado com o que vejo. Intimamente, ao mesmo tempo do encantamento, me aflige pensar que não há floresta que resista se não trabalharmos duro desde já! Quanto tempo a floresta resistirá?

O assunto é sério e sustentabilidade é quase um ato de justiça e visão coletiva, e aí, se não enfrentarmos a desigualdade e a desinformação, eu não consigo vislumbrar uma forma de construirmos um futuro sustentável, infelizmente.

Urge adotarmos novas práticas e um novo comportamento social, só assim a sustentabilidade deixará de ser promessa.

Quem aí, está disposto a contribuir com esse futuro? Eu, acredito piamente que somos capazes de assegurarmos vida digna e um futuro mais justo para todos. Quem sabe da certo?

Até a próxima.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.