Cultura
O geógrafo, a geografia e o turismo
Entenda como o estudo da geografia pode facilitar o desenvolvimento de práticas específicas e inovadoras no turismo.
Para começar a conversa de hoje, vou lembrar que de fato, a geografia tem um pé na natureza e outro na sociedade e que atributos da natureza e o movimento da sociedade desenham boa parte da atividade turística. No entanto, nem todos os geógrafos são seguros, efetivos e isso, apesar de não ser regra, pode ser comprometedor para a geografia e para o turismo.
Por exemplo, não dá para se sentir muito à vontade, com um geógrafo que não lê, ou não interpreta bem um mapa, ou carta, como quiserem!
A interpretação das cartas é um fator primordial para que, o geógrafo e a geografia ofereçam a sua contribuição para a atividade turística. Aqui vale uma explicação, a palavra mapa em francês é “carte” para nós, “carta”, porque significa informação, é como se fosse um retrato e por aqui, tecnicamente, os mapas são também tratados como cartas, um conjunto importante de informações reunidas em um formato especial.
Por isso, algumas situações para mim são princípios fundamentais para o bom desempenho profissional na geografia e até mesmo para o turista, ainda mais em tempos de tecnologia tão farta.
O geógrafo
Fala-se por aí, que o geógrafo não deve ser uma figura solitária. Ainda na academia, me ensinaram sobre o sentido da observação, a importância do trabalho em equipe e a junção dos conhecimentos. Ponto para o turismo, que nunca se processa por agentes solitários e lança mão instintivamente da geografia em toda sua amplitude, sem a menor parcimônia, o que é muito positivo!
Um aspecto fácil de ser percebido é a necessidade de aguçarmos nossa observação, ela nos induz também ao senso de amplidão. Vamos juntos, pensando em escalas, por exemplo, temos que saber trabalhá-las e transitar por elas. Na “escala local”, percebe-se a paisagem diretamente, na “escala mundial”, você imagina a paisagem.
Afinal, a Geografia é uma ciência que tem por objetivo o estudo da superfície terrestre e a distribuição espacial de fatos, fenômenos significativos na paisagem e por ai vai. Ela estuda também a relação intimista entre o homem e o meio ambiente.
Turismo e geografia
É por isso, que penso que o turismo combina e dialoga bem com a geografia. Para muita gente a Geografia também é vista como uma prática do homem, de conhecer onde se vive. Esse conhecimento facilita a compreensão e, portanto, fica mais fácil planejar o espaço onde se vive.
Com o espaço devidamente planejado, já que um dos temas centrais da geografia é a relação entre o homem e a natureza, fica mais tranquilo compreendermos que o espaço geográfico, um território devidamente moldado, pode sim atender a práticas específicas e propostas inovadoras, que bem pensadas, organizadas e bem geridas, consolidam a lida turística sobre os lugares.
Ai, fico mais tranquilo para dizer, que turismo e geografia combinam e muito.
Normalmente os geógrafos utilizam inúmeras técnicas do tipo leituras e estudo de estatísticas, que ampliam o conhecimento sobre os lugares e utilizam também a estratégia das viagens, que ampliam largamente a possibilidade de uma melhor organização de territórios para uso coletivo e turístico.
De qualquer forma, mesmo com o celular nas mãos, é prático conhecermos mais sobre as cartas, ou mapas. Eles são seu melhor instrumento e meio de expressão.
Além de estudarmos os mapas, mesmo os turísticos, podemos entender por que os geógrafos os atualizam a partir de pesquisas especializadas. Um mapa atualizado é sempre bem-vindo assim como a informação, pois naturalmente teremos aumentado o nosso conhecimento sobre os lugares, os territórios que escolhemos para conhecer.
As áreas significativas da geografia como a cartografia, planejamento urbano, dentre outras, quando estudadas estabelecem cenários regionais, territórios específicos (ou não), de acordo com seu aspecto físico, aliado ao clima, estudo de relevos, solos e por aí vai, já é um começo de conversa!
Outra reflexão pertinente é sobre a constante atenção dada às condições do planeta e principalmente do meio ambiente, que possibilita ao profissional da Geografia uma vasta gama de áreas para sua atuação. Na atualidade, o turismo, um dos mais promissores setores da diversificação econômica, pode ser também um ponto de atuação para geógrafos dispostos a pensar sobre como as duas áreas, geografia e turismo, devem dialogar.
As várias faces da geografia
Na geografia, os estudos podem ser feitos também nos aspectos físicos e nos aspectos humanos. Na “geografia física” buscamos conhecimentos geográficos de um determinado lugar, já na “geografia humana” o ambiente no qual uma população pode ser estudada em muitos aspectos é o ponto de atenção.
Se focarmos a “geopolítica, que percebe a relação entre organização econômica e espaço geográfico, o meio ambiente, as riquezas naturais, recursos hídricos, ocupação urbana, demografia e muito mais, teremos uma conversa geográfica certamente. Porém, inegavelmente teremos recursos de entendermos como poderemos pensar na atividade turística se aliando a todos estes atributos e ainda oferecer a possibilidade de desenvolvimento, com geração de renda, ocupação de mão de obra e o melhor, preservação ambiental e sustentabilidade.
Como geógrafo e analista ambiental, humildemente eu penso que aliar turismo e geografia tem jeito! Nestes casos, precisamos entender e lançar mão da teoria encontrada na academia e nas publicações setoriais para compreendermos o que temos a nosso favor. Hoje em dia se fala em “Geografia Turística” e Geografia do Turismo”, mas segundo consta, os títulos não devem ser compreendidos da mesma maneira.
Pesquisando sobre as influências ou sobre as relações de setores afins como a Geografia e o Turismo, encontramos conceitos um tanto curiosos sobre as duas áreas e alguns pontos de convergência entre as duas atividades. No entanto, a aplicação teórica dos respectivos conceitos pode ficar um tanto comprometidos se não tivermos uma noção clara sobre Geografia Turística e a Geografia do Turismo.
Geografia turística
Tentando explicar, no conceito teórico a Geografia turística é o nome utilizado para aquele bojo de estudos geográficos, que são dedicados a unir os conhecimentos comuns tanto à geografia como ao setor do turismo e aqui é bom pensarmos na atividade turística também como uma ciência.
Segundo Emerson Santiago, em um de seus textos publicados, no ambiente da Geografia turística, como “Subdivisão da geografia econômica, a geografia turística irá fundamentalmente tratar da utilização dos serviços públicos e privados à disposição do homem em determinado espaço geográfico, bem como a disponibilidade dos diferentes tipos de turismos disponíveis no terreno”.
Ainda segundo Santiago, “O ponto de convergência fundamental entre as duas matérias encontra-se na definição de geografia, aqui entendida em seu termo mais básico, como estudo dos lugares, diversidade dos espaços terrestres, e consequentemente na definição de turismo, matéria dedicada ao estudo do movimento de pessoas”.
Geografia do turismo
Também no conceito teórico, a geografia do turismo relaciona-se à busca de informações sobre o ambiente do turismo ou da atividade turística. No espectro dos conhecimentos a partir da lógica geográfica, ou seja, a geografia passa a ser uma importante ferramenta para se pensar a atividade turística como fonte de acerto e desenvolvimento.
Não resta dúvida que assim os territórios explorados serão mais bem compreendidos e os destinos, atrativos ou equipamentos serão mais bem aproveitados.
Já sabemos que a atividade turística é uma boa alternativa de desenvolvimento econômico para vários municípios, até porque o que não faltam no Brasil são atributos naturais e culturais, que são capazes de abastecer um sem-fim de ofertas para a prática do turismo de maneira sensata, economicamente viável e totalmente sustentável.
Um bom sinal, é o fato de que em várias parte do país, iniciativas importantes de promoção de destinos tem sido destacadas e o melhor, com competência técnica, observando dentre tantos elementos, os aspectos de sensibilidade para os propósitos de preservação da memória afetiva e histórica dos lugares trabalhados, da importância para o uso sustentável dos ambientes e principalmente a lógica do uso dos territórios com práticas ordenadas para o uso turístico destes ambientes.
Sem falar, que quanto mais informação em nossa vida melhor, concorda?
Até a próxima!
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.