Cultura
Paixão, emoção e um pouco de loucura, assim é o futebol no Brasil
Uma reflexão pessoal sobre a paixão que move multidões e famílias, gira a economia e transforma o futebol em muito mais do que um jogo no Brasil.
Minha relação pessoal com o futebol, sinceramente é bem tranquila, “ele lá e eu cá”, simples assim. Para mim, pouco importa quem está ganhando ou perdendo, mas sem exageros, depois do alvoroço criado em torno de um simples jogo esta semana, entre Cruzeiro e Atlético, os dois times de maior expressão em Minas Gerais entendi, que mesmo não sendo um expert no tema, poderia abordar aqui, o impacto cultural e econômico, que futebol gera na vida e no quotidiano dos brasileiros.
É curioso presenciar o amor pelos times, a lealdade com a presença maciça nos estádios, a emoção a flor da pele, lágrimas, o grande coro com os hinos, o delírio com os gols, a tristeza pelas derrotas e os rompantes de ignorância em brigas de rua e nos estádios com as torcidas se enfrentando, quando o crime é simplesmente usar uma camisa com uma cor diferente do seu emblema!
Apesar de não ser o melhor e muito menos exemplo, também sou torcedor, afinal sou brasileiro e o futebol me cerca também. Confesso, que sou cruzeirense, por pura indução de uma avó materna, que mesmo do outro lado da tela das TV’s, tratava como filhos Tostão e Raul, jogadores históricos do Cruzeiro Esporte Clube, aos quais dedicava um amor especial com incansáveis conselhos e afagos diante da tela da TV, em um diálogo, onde só ela falava!
Ali percebi, que aquele amor dedicado aos jogadores pela minha avó era sincero, mas provocado pela paixão de um suposto “manto celeste” poderoso e envolvente, que os torcedores cruzeirenses imaginam como uma espécie de proteção, e se acomodam ali, curtindo as conquistas e as vitórias do seu time, por menor que seja o placar.
No Mineirão, fui uma única vez na vida, assistir a um “Cruzeiro X Vasco”, quando Roberto Dinamite ainda era centroavante do time visitante, isso provavelmente nos longínquos anos 80. Nunca mais voltei e até hoje não entendo qual é o fascínio de ficar ali, pulando em um estádio, sem a menor condição de entender o que se passa entre os quatro cantos do gramado, mas enfim, que siga o jogo!
Futebol, quase religião
Eu entendi cedo, que no Brasil, o futebol é mais do que um esporte, para muitos é quase uma religião. E como em qualquer religião, há os fiéis devotos, os fanáticos e os que perdem a cabeça, infelizmente.
Sim, não assisto jogos de futebol, mas me impressiona o fato de que, quando o assunto é o esporte, os brasileiros são capazes de tudo. Entre a alegria mais pura e o desespero mais profundo, basta a bola cair em pés errados e o desastre acontecer.
Nos estádios, pelo que vejo, a emoção é palpável. Os torcedores se unem em uma só voz, cantando hinos, fazem as coreografias, como as que fazem tremer as arquibancadas e quando o time do coração marca um gol, o delírio é geral.
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É como se o mundo parasse e tudo o que importasse fosse aquele momento de extrema felicidade. Respeito e admiro, mas não entra na minha cabeça o porquê dessa sensação.
Quando a emoção ultrapassa os limites do estádio
Infelizmente, nem tudo é alegria e felicidade. As derrotas também fazem parte do jogo, como a do Atlético ontem, que perdeu o segundo jogo consecutivo para o Cruzeiro e não se classificou para as semifinais da Copa do Brasil bem nas quartas de final.
No meu prédio, prioritariamente atleticano, foi um silêncio sepulcral, ao contrário do bar mais à frente na minha rua, onde a comemoração rolou solta entre os cruzeirenses.
O ruim dessas comemorações exageradas, com fogos, buzinas e muito barulho, é que as coisas podem ficar feias. Os torcedores podem se tornar violentos, brigando nas ruas e nos estádios. É como se o futebol fosse um espelho da sociedade, refletindo todos os nossos defeitos.
Engraçado, que as torcidas ficam brigando nas ruas e o time vencedor, por passar nas quartas de final, embolsando, só por um jogo, R$ 9,92 milhões pela vitória e se chegar ao título, ainda ganha mais de R$70 milhões.
É esse o cenário e assim acontece em todo o país. Em Minas Gerais, temos três times que se destacam, o Cruzeiro, o Atlético e o América. Cada um com sua própria história e torcida.
O Cruzeiro, com suas estrelas no escudo, é conhecido por sua paixão e dedicação dos torcedores. O Atlético, por sua vez, é considerado o time do povo, com uma torcida que é conhecida por sua energia e entusiasmo. E o América, o Coelho, é o time que nunca desiste, sempre lutando para chegar ao topo e não tem se saído mal nos campos!
Como em todos os estados, apesar das diferenças, os três times mineiros têm algo em comum, a paixão dos torcedores. E é essa paixão que faz com que o futebol seja tão especial no Brasil. É um sentimento que pode unir e dividir, que pode trazer alegria e tristeza, mas que, acima de tudo, é uma expressão da nossa cultura e da nossa identidade esportiva.
O futebol é uma paixão brasileira, que não pode ser explicada, apenas sentida, melhor deixar assim. É uma paixão que faz vibrar, chorar e, às vezes se desesperar. Mas é também uma paixão que une, que cria a sensação de se sentir parte de algo maior do que nós mesmos.
Futebol movimenta a economia mundial
Impressões a parte, o futebol movimenta a economia mundo afora e gera ídolos antológicos, que traduzem respeito, seriedade e vigor ao mostrarem seu talento nos campos, com jogadas geniais, que encantam a todos, independentemente do time para o qual torcemos.
No cenário global, o futebol é uma das indústrias mais lucrativas do entretenimento. Grandes clubes operam como corporações multimilionárias, movimentando cifras impressionantes por meio de direitos de transmissão, patrocínios, venda de ingressos e produtos licenciados.
Pesquisando sobre eventos mais seletos, como a Copa do Mundo e a Champions League na Europa, vi que estes, geram bilhões em receitas e impulsionam setores como turismo, hotelaria, transporte e publicidade. Além disso, o futebol se consolidada como um ativo financeiro e já existem clubes listados em bolsas de valores e fundos de investimento, que se especializaram no setor esportivo.
É uma engrenagem econômica, que transforma o futebol em um motor de desenvolvimento para diversas regiões do planeta. No Brasil, o impacto econômico do futebol é igualmente expressivo. “O setor representa cerca de 0,72% do PIB nacional, movimentando aproximadamente R$ 52,9 bilhões por ano”, segundo Givanildo Silva, Doutor em Ciências Contábeis e Administração.
Encontrei informações que garantem, que os clubes da Série A, no Brasil, arrecadaram mais de R$ 1,1 bilhão em bilheteria em 2023, quando se teve um recorde histórico e isto não é pouca coisa!
Não precisamos pensar muito para entendermos, que o futebol gera uma infinidade de empregos diretos e indiretos, desde atletas e técnicos até profissionais de segurança, alimentação, transporte, publicidade e muito mais.
A comercialização de jogadores pra lá e pra cá, também é uma fonte inesgotável de receita, ainda mais no Brasil, visto mundialmente como um celeiro de talentos.
À exemplo do clássico desta última semana, em dias de jogos, bares, restaurantes e comércios locais se beneficiam da movimentação dos torcedores, mostrando que, além da paixão, o futebol é um poderoso agente econômico e social e colabora até com o comércio informal, que se prolifera com as vendas ambulantes em todos os cantos.
Enfim, torcidas e sentimentos aflorados a parte, O futebol vai muito além das quatro linhas dos campos, o esporte é de fato a paixão nacional!
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É um motor econômico com reflexo social, movimenta bilhões em receitas, gera empregos e influencia comportamentos. Bom também é que no Brasil, o futebol é uma ferramenta de inclusão e identidade cultural e se aliado à sustentabilidade, pode transformar comunidades, promovendo formação esportiva, cívica, educacional e desenvolvimento com responsabilidade ambiental e social.
Que sejam esses os rumos do futebol no Brasil!
Por aqui, sigo envolvido com a reverberação emocional da vitória da semana e com a classificação do Cruzeiro para as semifinais da Copa do Brasil 2025! O céu tem estado mais azul!
Até a próxima.
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