Gastronomia
Curitiba no inverno: a sopa de cebola do Baviera, um símbolo turístico-gastronômico da capital mais fria do Brasil
Festivais de inverno enaltecem tradicionais receitas da gastronomia curitibana.

A capital mais fria do Brasil encontra cada vez mais no turismo gastronômico um aliado para se consolidar como um dos mais interessantes destinos turísticos brasileiros no inverno. Curitiba, dos belos parques, da excelente qualidade de vida, é também uma cidade que cresce na gastronomia. Circuito de inverno, praças com festivais de culinária típica, e claro, a Sopa de Cebola do restaurante Cantina Baviera, um clássico da gastronomia local que é sem dúvida um símbolo da estação na cidade.
Apesar do nome alemão, a Cantina Baviera serve pizzas e calzones italianos, berinjelas que lembram tapas espanholas como entrada, e ricotas delicadas que poderiam estar numa sobremesa mediterrânea. Aqui o toque suíço, francês, italiano as vezes é sutil, as vezes é típico, como a clássica francesa “soupe à l’oignon”.
No Largo da Ordem
Localizado num dos pontos mais turísticos de Curitiba, o Largo da Ordem, onde a cidade pulsa música, entretenimento, e aos domingos onde acontece a grande feira de artes populares, o Cantina Baviera se orgulha das tradições que mantém há décadas. Os clientes locais conhecem o cardápio e ingredientes de cada receita. Do “Filé do Patrão” a novidades que aos poucos os novos gestores vão introduzindo, com a calmaria e o respeito deste que é um patrimônio gastronômico curitibano. Os clientes de fora têm a curiosidade de conhecer esse cantinho europeu no Brasil. Da decoração na entrada ao seu disputado primeiro andar, é uma viagem pelo imaginário germânico, francês, suíço, alpino.
A esquina mais fria do Brasil
Não raro você encontrará filas na “esquina mais fria do Brasil”. A neve artificial que cai na entrada convida o cliente não só para uma imersão no inverno da cidade, mas também na culinária tradicional de um restaurante que foi fundado em 1972, no mesmo ano que o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) registrou a menor temperatura em Curitiba, desde 1931 (−5,4° Celsius).
Tradições que rompem muitas barreiras que vão desde o surgimento de novos e badalados restaurantes (na sua fundação eram apenas 55 na cidade, hoje mais de 3.000, segundo a Abrasel) a barreiras turístico-culturais num país tropical, voltado para os destinos de praia.
Há dias que são mais de 150 sopas de cebola na tradicional cozinha com forno a lenha, aberta para qualquer cliente visitar. Servida na cumbuca de barro, as oito camadas que formam a sopa levam pão, queijo uruguaio gratinado, e claro, cebolas caramelizadas, entre outros ingredientes que formam essa receita e seus segredos que ultrapassam décadas. O Baviera preserva um lado de bistrô à moda antiga, onde clientes cativos esbarram em turistas em busca das tradições curitibanas.
Quando falo que a gastronomia precisa conhecer mais o turismo, e vice-versa, é sobre esse encontro de tradições, de resiliências, de cultura, de identidades, de mostrar para o mundo aquilo que somos, que cultivamos, que comemos, nossas transformações. Curitiba tem o dom de conquistar aquele que chega e aos poucos se permite conhecer um país sem estereótipos, um país que vai do 1 aos 40 graus, do cumaru amazônico ao pinhão das araucárias. Que neste inverno redescubramos o Brasil e criemos novos imaginários sobre nós mesmos. Que tal uma sopa de origem francesa para falarmos de imigração, suas importâncias e influências, para começar? Bravo, Baviera. Bravo!
Thiago Paes é colunista de turismo e gastronomia. Apresentador de TV no canal Travel Box Brazil, está nas redes sociais como @paespelomundo. Press.: contato@paespelomundo.com.br
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