Inovação
Mulheres, turismo e tecnologia!
Conheça alguns aplicativos que oferecem segurança para mulheres que desejam viajar sozinhas.
Entre flores, debates, bombons, estatísticas, rosa, reflexões, passamos por mais um 8 de março. Temos o que comemorar, muito mais a refletir e um mundo de conquistas ainda a serem alcançadas. Entre elas, segurança em viajar, com ou sem companhia, como também, oportunidades reais em setores em que a presença feminina, e também a liderança, são exceção.
O uso de tecnologia no turismo é uma realidade, seja para facilitar o acesso à serviços, produtos, informações, seja para criar novos produtos e novas experiências ao turista, ou ainda, oferecer segurança física, financeira, jurídica.
Para nós mulheres, a segurança física então é uma questão à parte, principalmente para aquelas que decidem viajar sozinhas. Quem nunca olhou um hotel, pousada ou Airbnb e não perguntou se outra pessoa já conhecia, leu as avaliações e buscou saber se estava em um local seguro? Como não programar horários de voos, ônibus e trens de forma a garantir que o trajeto para estações rodoviárias e ferroviárias e aeroportos pudessem ser feitos em horários de grande movimento, preferencialmente, com pouco tempo de espera entre uma transferência ou outra de linha, quando necessário?
Quem nunca ficou receosa de visitar um bar ou restaurante no destino e se tornar alvo de investidas, ou ter que se deslocar após um show sozinha e se perguntar se estaria segura? Quem pode ter deixado de visitar um atrativo, ou fazer uma trilha, porque estava sozinha? A questão é, para mulheres, o ato de viajar, especialmente sozinha, ainda requer dois conteúdos extras no planejamento: a análise sobre segurança e uma dose extra de coragem.
Tecnologia auxiliando mulheres que viajam sozinhas
Dose extra de coragem que vem sendo bastante ajudada pelo uso da tecnologia e pela criação de ferramentas que contribuem para tal. Entre eles, gostaria de destacar dois. O primeiro, Vamo Comigo e segundo, o sister wave.
Vamo Comigo
“Você já deixou de ir para algum lugar porque não tinha companhia?” Esta é a pergunta, um tanto desafiante, da “Vamo Comigo”, plataforma criada por Rebecca Cirino, viajante solo profissional. É uma plataforma que conecta mulheres que viajam sozinhas e que tenham, além do destino e período de viagem, interesses em comum. Assim, seja para planejar uma viagem completa, seja para visitar um atrativo específico ou até mesmo um evento que esteja acontecendo no período, a plataforma coloca as interessadas em contato. Com a possibilidade de conversas prévias, troca de informações e um pouco mais de aproximação, a ferramenta contribui para que muitas mulheres possam então realizar sonhos em torno de muitas viagens, e ainda, conhecer alguém bacana, ter uma nova amizade e compartilhar histórias, experiências, e até mesmo, alguns perrengues.
Sister Wave
A modalidade de hospedagem em casa de terceiros, mundialmente conhecida como Airbnb, foi criada em 2008 na Califórnia. De lá pra cá, vários formatos foram sendo elaborados. Aluguel de casa inteira por temporada, reserva específica de quartos, espaços em centros urbanos, espaços em áreas rurais ou litorâneas, negócios, luxo ou simplicidade. Independente de questões tributárias, jurídicas ou ainda sociais e temas referentes à gentrificação de centros, etc, fato é que o Airbnb transformou os meios de hospedagem e seu modelo de negócios.
Porém, ainda considerando as inseguranças comuns às mulheres que planejam viajar sozinhas, ficar na casa de uma pessoa estranha, também é um ponto importante do planejamento. Foi a partir de uma experiência particular de viagens sozinha, ou com apenas mais uma amiga, que a designer Jussara Pellicano Botelho teve a ideia de criar uma plataforma que conectasse mulheres viajantes e mulheres que poderiam recebê-las no destino. Assim, nasceu a Sister Wave, plataforma que apresenta às mulheres viajantes, mulheres anfitriãs no destino, criando uma rede de apoio, gerando negócios e trazendo maior segurança para a prática de turismo.
Mulheres e tecnologia
Para além da segurança de mulheres em viagens, a tecnologia também é uma forma de melhorar os destinos para o turismo, para receber turistas e, claro, receber mulheres. Nesta linha, temos a Smart Tour, uma startup, liderada por uma mulher, a Jucelha Carvalho, que tem como missão transformar destinos turísticos a partir de dados e soluções tecnológicas.
Em contraponto, se precisamos de mais recursos tecnológicos que apoiem mulheres viajantes, seja em segurança, seja na transformação de destinos, não é de se estranhar que precisemos também de mais mulheres na tecnologia.
Apesar do avanço nos últimos anos, as mulheres ainda ocupam apenas 12,3% de vagas em tecnologia (dados do Caged, 2024) e, a depender da área, este número é ainda menor visto que equivalem a 1 mulher para cada 10 homens, em um setor que ainda tem grande demanda por mão de obra, independente do gênero.
Porém, é ainda mais difícil a inclusão de mulheres na tecnologia, por ser um setor em que não há necessariamente um incentivo para a participação, normalmente visto como uma atividade masculina.
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Este debate vem sendo ampliado em virtude de iniciativas diversas de incentivo à inclusão de meninas e mulheres na tecnologia, em processos de formação, a partir de projetos e iniciativas de organizações, fundos de investimento, entre outros.
Destaco como exemplo a She’s Tech, movimento liderado pela Ciranda de Moraes, que, desde 2016, busca inserir mulheres na tecnologia, através de inspiração, engajamento e capacitação, que se desdobram em empoderamento econômico feminino através da tecnologia.
Uma das teorias que ela apresenta, são as “portas de vidros”, barreiras que mulheres enfrentam diariamente para acesso ao aprendizado, desenvolvimento profissional e alcance de postos de liderança. Por que de vidro? Porque apesar de não visíveis facilmente, elas estão lá. Para quem quiser conhecer com mais detalhes, indico o TedX proferido por ela.
E você? É uma viajante solo? É uma profissional do setor de tecnologia? É uma mulher que gostaria de viajar? Trabalhar com tecnologia? Não importa, você pode fazer e ser o que quiser! Feliz 8 e mais uns dias de março!
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.