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Turismo: todas as oportunidades são aproveitadas para fomentar um destino?

Em muitos casos um destino pode ter muito mais a oferecer do que é apresentado ao turista. O que fazer para mudar essa situação?

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Vista da trilha do Parque Municipal das Mangabeiras Maurício Campos em Belo Horizonte (Foto: Renato Lana)

Cada cidade, ou território, que busca ocupar um lugar de destaque como destino turístico precisa desenvolver uma série de atividades, desde estabelecimento ou melhora de infraestrutura, passando por capacitação de mão de obra, adequação ou melhorias em atrativos, formatação de produtos e serviços turísticos, e claro, identificar sua estratégia de posicionamento turístico e elencar as ações de marketing turístico a serem realizadas para o alcance dos resultados pretendidos.

As ações de marketing e promoção turísticas demandam especial cuidado pois são elas as responsáveis por definir as estratégias, projetos, iniciativas diversas que irão traçar os caminhos para que os resultados planejados sejam realmente alcançados. Sua importância está em especial pelo fato de que é pautada pela tomada de decisão, e para cada escolha que se faça, também é estabelecida uma renúncia. Ou seja, não é possível ou estratégico querer um destino que tenha “tudo” para “todos” a “todo” tempo.  

Ofertas para além do óbvio

Assim, ao determinar um perfil de turistas como público-alvo destas ações, automaticamente, se “abre mão” parcial ou totalmente de outros perfis, ao se reconhecer uma orientação do destino para um determinado tipo de oferta, outras poderão deixar de receber atenção, investimento e infraestrutura. Esta é uma das razões pela qual um destino pode ser reconhecido como “destino de compras”, “destino de luxo”, “destino de saúde”, “destino de lazer e férias”, “destino de ecoturismo”, “destino de negócios e eventos” entre outros. Porém, é preciso deixar claro que, apesar da escolha, muitas vezes, há a possibilidade de ofertas secundárias, complementares ao segmento âncora. Por exemplo, um destino de negócios e eventos, pode também ofertar atividades complementares para turistas que buscam por cultura e entretenimento.

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Muitas vezes, enquanto moradores, empreendedores ou até mesmo quando turistas, temos a “sorte” de sair da rota ou “cair” em algum lugar inesperado e conseguimos observar estas oportunidades, quando nos perguntamos o porquê muitas vezes não serem então, aproveitadas. Posso citar os diversos parques urbanos de muitas cidades, que às vezes não tem nenhuma, ou quase nenhuma conexão com atividades turísticas. Ou ainda, centros culturais com uma agenda rica de atividades como exposições, mostras, espetáculos. Feiras e eventos temáticos, sejam de arte, brechós, antiguidades, música, novos artistas, em que pensamos, como que isso não está nos guias e informações turísticas diversas sobre o destino?

Venho me questionando cada vez mais sobre este tema, pois, me parece um contrassenso o tanto de atividades, serviços, produtos diferenciados e, superinteressantes em muitos destinos diga-se de passagem, que estão em acordo com as tendências de consumo dos turistas, que mostram cada vez mais o desejo de sair do comum, do padrão, do pasteurizado, mas que não estão ao alcance dos mesmos. Me parece que temos uma capacidade enorme de esconder tesouros, experiências.

Oportunidades em um destino através das PPP’s

Talvez, em muitos casos, estas oportunidades são perdidas por dificuldades de gestão, seja pública ou privada. Porém, aos destacarmos o que é de ordem pública, acredito que as mesmas podem se tornar fruto de investimentos diferenciados e oportunidades de inovação, novas ocupações e usos diversos. Porém, muitas vezes não identificamos as razões pelas quais estas oportunidades não são aproveitadas, especialmente quando há possibilidade de estabelecer algum nível de Parceria Público-Privada, as chamadas PPP’s que vem se popularizando cada vez mais, inclusive na atividade turística.

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As PPP’s vêm sendo cada vez mais debatidas, são muito comuns e reconhecidas, quando falamos em rodovias, penitenciárias, serviços de saúde, saneamento e outros. No turismo, se tornaram comuns quando tratamos de aeroportos, rodoviárias, espaços de eventos, centros culturais e de entretenimento, parques naturais entre outros. Importante destacar que as PPP’s possuem modalidades diferentes, são avaliadas e prospectadas em acordo com o setor de atuação, oportunidades de desenvolvimento e crescimento, relacionamento com os diversos atores e grupos impactados pelo objeto, dentre uma série de outras variáveis.

No caso do setor turístico, as PPP’s, quando bem trabalhadas, podem contribuir para uma gestão de produtos e serviços mais dinâmica, proporcionando uma experiência ao usuário/ turista/ cliente cada vez mais qualificada, diferente do que a administração pública consegue, visto sua própria natureza jurídica e modelo de gestão.

Diálogo para melhor entendimento

Entendo que a temática das PPP’s pode ter seu grau de polêmica, e da minha experiência, muitas vezes, causada pelo desconhecimento, ou pela confusão, que muitos fazem dos conceitos, e diferenças, entre privatização e concessão. Acredito que qualquer polêmica possa ser esclarecida a partir do diálogo e do tratamento transparente de pontos sensíveis, críticos e controversos. Por isso, é de extrema relevância todo o processo de escuta estabelecido ao longo dos projetos de implantação de PPP’s.

Um dos pontos chave deste diálogo está entre o poder público, detentor do equipamento, estrutura ou serviço, e a iniciativa privada que atua no segmento. Um diálogo por vezes longo, difícil, mas que demanda transparência e comprometimento de ambas as partes. Em uma determinada situação, tive oportunidade de participar de uma visita técnica a um parque público, que se encontrava parcialmente fechado, ao finalizar a visita, nos reunimos para uma avaliação, em um misto de frustração por vermos o potencial do mesmo, e animação, em querer fazer algo realmente significativo para o destino e a sua população. Foi unânime o entendimento de que é possível fazer algo em parceria com outros atores do destino, para se chegar a uma oferta interessante e qualificada para a sociedade e também para o turista.

Os relatos reforçaram que é preciso equilibrar as necessidades, demandas e interesses de ambas as partes, de maneira que o projeto se torne relevante, tenha empreendedores interessados e que resulte na oferta de um serviço cada vez mais qualificado para os diversos públicos envolvidos, desde a população local, outros empreendedores e o próprio turista.

Vegetação em percurso de trilha no Parque Municipal das Mangabeiras Maurício Campos em Belo Horizonte (Foto: Renato Lana)

E você? Já vivenciou algo similar? Conhece algum local, atividade, empreendimento que, com um “empurrãozinho” poderia fazer com que a oferta turística de um determinado destino fosse ainda mais especial?

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