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Jack, o Estripador no ABC Paulista? A história que assombra Paranapiacaba
A lenda urbana, mesmo nunca tendo sido, comprovada liga o assassino londrino à vila no ABC, que oferece diversas atrações ligadas ao mundo do terror
No mês do Halloween as histórias aterrorizantes ganham espaço. Poucas pessoas sabem, mas em um distrito de Santo André/SP que se chama Paranapiacaba, uma pequena e charmosa vila Inglesa que surgiu em 1860 com a construção da linha férrea que ligava o litoral à capital paulista pela São Paulo Railway, existe uma história que assombra moradores e turistas.
Como diria o próprio Jack: “Vamos por partes”! A conexão entre Paranapiacaba e Jack, o Estripador, é um conto urbano e local, especialmente relacionada a eventos de Halloween. Reza a lenda que o infame assassino inglês poderia ter continuado sua história em uma nova cidade após desaparecer de Londres. Esta é uma história de ficção e não um fato histórico, a lenda foi popularizada pela prefeitura de Santo André como parte de um especial sobre lendas urbanas da vila, contrastando o mistério de Londres com a atmosfera da vila inglesa.
A lenda conta que Jack, o Estripador, fugiu para Paranapiacaba com imigrantes ingleses, tornando-se o primeiro médico da vila e continuou por lá até morrer, ninguém sabe quando e se isso aconteceu. Mas a história segue viva na vila.
No dia do Halloween confira as lendas urbanas de Paranapiacaba
São os contos e lendas urbanas da pequena vila que levam o visitante a um clima de suspense. E não é para menos! O clima não poderia ser mais londrino, no meio Serra do Mar, a neblina é quase sempre constante e o ar de suspense e tensão pairam entorno de Paranapiacaba. Além da lenda de Jack, o estripador existem várias outras histórias que estão no cotidiano dos moradores da cidade:
- A noiva: Uma jovem é abandonada no altar e corre desesperadamente pelos trilhos, arrastando seu longo véu. Diz a lenda que a neblina que toma a vila é o seu véu, enquanto ela continua a procurar o noivo.
- O corpo-seco: Uma lenda brasileira que fala de um defunto amaldiçoado a vagar pela Terra por ter cometido maldades em vida.
- Vigias noturnos: A lenda dos vigias noturnos conta que um guarda batia três vezes na porta das casas para verificar se tudo estava bem. Mesmo após a morte dos vigias, dizem que um espírito ainda vaga pela vila batendo nas portas à noite, e que não responder pode ser um convite para o espírito entrar.
- Lobisomens e bruxas: Outras lendas incluem histórias de lobisomens e bruxas e o fato de a vila receber anualmente uma das maiores convenções de bruxas e magos do Brasil!
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E se você acha que acabou, Paranapiacaba ainda possui várias curiosidades e fatos importantes despertados pelo clima das bruxas. Várias produções cinematográficas inspiradas e até alguns estilos de filmes de terror foram gravados por lá.
- Vale dos Esquecidos: Primeira série de terror brasileira da HBO Max, inspirada nas lendas e na atmosfera misteriosa da cidade. Atualmente, o seriado Vale dos Esquecidos está disponível no catálogo da HBO Max e conta ainda com 10 episódios, subdivididos em vários ambientes da vila.
- Oficina do Diabo: primeiro filme de ficção da Brasil Paralelo gravado em Paranapiacaba, utiliza a atmosfera da cidade como cenário e mostra momentos marcantes da história do Brasil, como os anos 60 e trechos da Segunda Guerra Mundial.
- Folk horror: Paranapiacaba é usada em produções de terror no estilo folk horror, que mistura o terror com tradições rurais e rituais.
O pequeno distrito oferece mais do que uma história que assombra
Além das histórias de terror, em Paranapiacaba, é possível explorar a história da vila inglesa de arquitetura vitoriana, visitando museus, cafés, restaurantes, feiras de artesanato e belas trilhas na mata atlântica. Confira:
- Museu Castelinho: era a antiga residência do engenheiro-chefe da vila, hoje abriga um acervo sobre o modo de vida dos antigos moradores.
- Relógio da Estação: é uma réplica inspirada no Big Ben de Londres, localizado no Pátio Ferroviário.
- Museu do Funicular: conta sobre o sistema de transporte que operava na serra e funciona aos sábados, domingos e feriados.
- Pátio Ferroviário: um complexo com locomotivas antigas, o museu e a passarela metálica.
- Igreja Bom Jesus de Paranapiacaba: um dos marcos da parte alta da cidade, com vista para a estação.
- Clubes e casas históricas: Clube União Lyra Serrano (atualmente em restauração) e a Casa Fox, que servia de residência coletiva para operários.
A vila ainda oferece natureza e ecoturismo
Diversas trilhas de diferentes níveis de dificuldade cortam a Mata Atlântica na região, entre elas a Trilha do Poço Formoso, a Trilha do Mirante e a Trilha das Nascentes. No Parque Municipal Nascentes de Paranapiacaba, área de preservação que concentra percursos e um mirante, o acesso é permitido somente com acompanhamento de monitor credenciado pela Prefeitura. Para ampliar a segurança e enriquecer a visita com informações culturais e históricas, é recomendável contratar um guia local, sobretudo nas rotas mais exigentes.
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E se você leu até aqui e ainda está animado a conhecer essa cidade tão especial, por que não chegar até lá em um passeio de trem? É isso mesmo, uma das formas de chegar até Paranapiacaba é através de um trem que parte do Centro de São Paulo, da Estação da Luz. A viagem leva os passageiros a bordo de vagões da década de 1960 até a antiga vila inglesa de Paranapiacaba, que pertence a Santo André/SP.
Trem pra Paranapiacaba Desde 2009, a CPTM colocou em atividade o Expresso Turístico, com passeios de trem que partem da Estação Luz, no centro de São Paulo, com destino à Jundiaí, Mogi das Cruzes e Paranapiacaba. O passeio do Expresso Turístico é realizado através de uma locomotiva a diesel, de 1952, que conduz carros de passageiros, de aço inoxidável, fabricados no Brasil pela MAFERSA nos anos 60 e que foram cedidos pela ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária).
Durante a viagem, o turista aprecia a paisagem e conhece um pouco da história do longo do trajeto. Atualmente, o embarque é realizado às 8h00, com partida às 8h30 da plataforma 1 ou 4 da Estação Luz e o retorno das cidades visitadas ocorre às 16h30. No total, são 352 assentos, além de espaço reservado para cadeira de rodas – com cinto de segurança e ponto de ancoragem. Um excelente passeio e ainda pouco conhecido das pessoas.
E nem precisa ser Halloween para conhecer as histórias que assombram Paranapiacaba
E é quando o sol se esconde atrás da serra, que Paranapiacaba realmente mostra sua outra face. A neblina desce pesada, cobrindo tudo como um manto vivo, e o silêncio ganha um som próprio, um murmúrio parece vir da mata, das casas vazias, dos trilhos abandonados. As luzes amareladas mal conseguem romper o branco espesso, e cada sombra se alonga como se tivesse vontade própria.
Os moradores dizem que é nessa hora que as histórias deixam de ser histórias e que a noiva volta a correr pelos trilhos, que as portas antigas recebem três batidas inexplicáveis, que sussurros ecoam perto da igreja mesmo quando não há ninguém ali, alguns juram ver figuras atravessando a neblina, outros dizem que ouviram o som metálico de passos na passarela, mesmo estando sozinhos.
A verdade, ninguém confirma. Na vila, as pessoas aprenderam que certos mistérios não se explicam apenas se respeitam. Porque em Paranapiacaba, quando a noite chega, o passado não está morto.
Ele caminha.
Ele observa.
Ele espera.
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