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Turismo sustentável: expedição em terras indígenas

Viva uma experiência profunda através do etnoturismo.

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Aldeia Shanenawa (Foto: Divulgação)

Já pensou em realizar uma expedição em que você tem contato direto com a vida, cultura, saberes, medicinas tradicionais e outros aspectos de determinados povos indígenas brasileiros? O etnoturismo é uma das principais opções de turismo sustentável e de impacto. Não só para quem o realiza, mas também para os moradores da região, que recebem os grupos e obtêm uma fonte de renda extremamente significativa. A expedição também desperta a preocupação socioambiental, preservando a biodiversidade local, o modo de vida assim como os saberes ancestrais.

As aldeias indígenas que atuam com este tipo de prática oferecem serviços de estadia, alimentação, diversas oficinas e vivências. Dessa forma, aproximam os visitantes de seu modo de vida, realizando um intercâmbio entre pessoas que muitas vezes têm rotinas radicalmente diferentes do apresentado, o que potencializa as trocas realizadas. Além disso, a venda de artesanato movimenta a economia local e traz inúmeros benefícios para as famílias.

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Há diversas maneiras de conhecer aldeias indígenas de forma sustentável e com experiências realmente imersivas, evitando o turismo predatório, superficial e estereotipado. A Vivalá, organização especializada em turismo sustentável no Brasil, possui três Expedições criadas em parceria com povos indígenas brasileiros. Confira abaixo.

Terra Indígena Katukina Kaxinawá, Acre

No coração da maior floresta do mundo, a Amazônia, e dentro de um dos estados com a maior diversidade de povos indígenas do Brasil, se encontra a Aldeia do povo Shanenawa, conhecido como povo do pássaro azul. O lugar é repleto de fauna e flora, com tradições muito preservadas e grande acolhimento de seus moradores. A vivência atrai viajantes do mundo inteiro, que buscam uma profunda conexão com a natureza e consigo mesmo. Além disso proporciona aprendizados e novas formas de ver o mundo.

“Essa viagem foi uma das experiências mais profundas da minha vida, onde pude viver intensamente a cultura do povo Shanenawa. É uma experiência interna e externa, onde renasci para tudo aquilo que importa e de que talvez eu estivesse desconectada por conta de tanto ruído que a cidade traz. Vivi um processo de cura emocional e psicológica muito importante também. Externamente, viver o dia a dia, o contato com a floresta, trocar conversas, ingerir alimentos orgânicos, brincar com as crianças, tomar banho de açude e consagrar as medicinas indígenas com tanto cuidado e respeito foi um marco pra mim. E mudou tudo! Fazer essa viagem é saber que nada mais na vida será como antes (e que bom!). O povo Shanenawa virou família pra mim”, destaca Gabriela Sevilla, que realizou uma expedição para a Amazônia. 

Aldeia Shanenawa (Foto: Divulgação)

Com oito saídas exclusivas ao longo do ano e 20 vagas disponíveis em cada uma, as expedições partem de Rio Branco, capital do Acre. Os valores de investimento são a partir de R$ 5.225 para 8 dias de vivência, incluindo as hospedagens, transportes, alimentação, oficinas, vivências como banhos ritualísticos de ervas e de argila, pintura corporal, consagração de medicinas da floresta (ayahuasca, chamado de Uni pelos Shanenawa; rapé, sananga, kambo), visita à agrofloresta, plantio de árvores, muita música e danças tradicionais, seguro, guias e facilitadores.

Terra Indígena Kariri-Xocó, Alagoas 

Outra forma de adentrar territórios indígenas de maneira consciente, autorizada e profunda é no encontro da Caatinga com a Mata Atlântica, às margens do Rio São Francisco e na divisa de Alagoas com Sergipe, onde habita o povo Kariri-Xoxó. A expedição é repleta de muita natureza e saberes ancestrais. Grande parte das vivências acontecem no espaço cultural criado pela comunidade, inclusive o ritual do Toré. O ritual é uma consagração de medicinas tradicionais da floresta, como a Jurema e o rapé, banhos ritualísticos, oficina de ervas, danças, músicas e navegação com mergulho no Velho Chico. 

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Um dos desenvolvedores do roteiro, Guilherme Cipullo, da Vivalá, destaca o sentimento de ser acolhido por esse povo. “Desde o primeiro momento com o povo Kariri-Xocó, senti uma alegria imensa. Foram dias de paz e contato com a natureza, onde pude desacelerar o ritmo corrido do dia a dia e me sentir plenamente presente e conectado a algo maior. As cerimônias e oficinas são sempre acompanhadas da música tradicional (o Toré). A comida é ótima e o banho no Velho Chico é uma limpeza de corpo, mente e espírito”. 

Contudo, as duas primeiras expedições, nos feriados de setembro e outubro de 2023, já estão com todas as vagas vendidas. Porém, a Vivalá realizará mais duas expedições esse ano, com saídas de Aracaju (SE) e valor a partir de R$ 2.500. Serão nos feriados de Dia dos Finados e réveillon, mas ambas com menos de dez vagas disponíveis. 

Terra Indígena Tenondé-Porã, São Paulo

Para quem busca uma vivência mais curta, mas também muito significativa, a boa notícia é que existem roteiros acessíveis e próximos da capital mais populosa do país. Nesse sentido, a expedição para a terra indígena Tenondé-Porã é perfeita para conhecer os hábitos, a luta por autonomia e a resistência do povo Guarani. 

A terra indígena se extende por aproximadamente 16 mil hectares, abrangendo cerca de 10% da totalidade da capital São Paulo e de outros três municípios. É possível caminhar pelas exuberantes trilhas do território e vivenciar o nhanderekó (modo de ser) do povo originário que vive e, sobretudo, resiste nas fronteiras da maior metrópole do Brasil. A experiência pode ser realizada em um único dia. Assim, é excelente para quem está na capital paulista e quer ter uma vivência junto à natureza, mergulhando nos seus saberes ancestrais. 

Os roteiros acontecem quatro vezes ao mês, tendo opções de Turismo de Base Comunitária (TBC) com foco na cultura local ou de aventura, em uma trilha de 8,5 km entre as aldeias Kalipety Yrechakã. Localizada a 55 km do centro de São Paulo, as vivências de cerca de 12 horas contam com transporte saindo da capital, com valores a partir de R$ 250 por pessoa. As Expedições de estreia acontecem nos dias 16 e 17 de setembro e 7 e 8 de outubro, com 30 vagas disponíveis em cada uma.

Etnoturismo com consciência

Entretanto, independente da expedição ou da comunidade indígena escolhida para se aprofundar em uma nova cultura e estilo de vida, é importante que o viajante esteja completamente aberto, de alma e coração. “Ao se conectar com a sabedoria ancestral dos povos originários, observamos que os viajantes são transformados de diferentes formas. Quebram preconceitos, renovam as energias e encontram extremo bem-estar no contato direto com a natureza. Além disso, aprendem a história do país através de uma perspectiva diferente, desta vez, na visão dos povos originários. Com isso, repensam o que aprenderam, tanto sobre sua relação com a natureza quanto sua própria vida. Essas vivências são muito especiais e realmente transformam a gente”, explica Daniel Cabrera, cofundador e diretor-executivo da Vivalá.

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Por fim, a floresta e os saberes ancestrais podem nos revelar e nos levar para diversos momentos e sensações. Porém, toda forma de turismo possui e gera impactos, sejam eles positivos ou negativos. Por isso, busque por empresas de turismo sustentável e que tenham uma verdadeira preocupação com todos os envolvidos: os viajantes, as comunidades e o planeta. 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.