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Projeto Caminhos do Mar aposta no turismo de observação como estratégia para a conservação de espécies ameaçadas
Roteiros permitem a observação responsável da toninha, o golfinho mais ameaçado do Brasil, além de aves raras e espécies migratórias
Profissionais ligados à Universidade da Região de Joinville (Univille), em parceria inédita com o Instituto Federal Catarinense de São Francisco do Sul e o apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, criaram roteiros para destacar a Baía Babitonga no mapa do turismo embarcado de observação de natureza (TEON) no Brasil. Com o projeto Caminhos do Mar – Turismo de Natureza para a Conservação da Baía Babitonga, os pesquisadores geraram bases técnicas para que a observação da exuberante natureza da região, localizada no litoral norte de Santa Catarina, um dos portais da Grande Reserva Mata Atlântica, ocorra de forma segura e sustentável.
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Os pesquisadores criaram protocolos para o turismo embarcado para a observação responsável da fauna, como aves e golfinhos, e ofereceram um curso de capacitação para operadores e pessoas ligadas ao turismo local. Com os diversos atrativos da baía mapeados e diagnosticados, foram propostos cinco possibilidades de roteiros turísticos, que podem ser adaptados para atender diferentes contextos e implementados por todos os interessados.
O desenvolvimento e validação das propostas contou com colaboradores da área, como operadores, guias e interessados no turismo de natureza. Muitos participaram de um curso de formação em TEON e uma saída de campo exploratória, na qual foi possível fazer um dos roteiros e compartilhar conhecimentos sobre atrativos de natureza da região. Os responsáveis pelo projeto também entregaram uma cartilha digital com todas as informações técnicas, protocolos e sugestões de roteiros para os órgãos públicos, entidades e profissionais do setor turístico dos municípios da região. Todos os materiais estão disponíveis no site do projeto.
A Baía Babitonga é um verdadeiro santuário para diversas espécies de animais. Com seus ecossistemas variados, como manguezais, restingas e florestas de Mata Atlântica, e 160 quilômetros quadrados de lâmina d’água, a região é um berçário natural para diversas espécies, incluindo muitas de interesse comercial e outras ameaçadas de extinção, como guarás, botos-cinza e a toninha, o golfinho em maior risco de extinção no Brasil. A região compõe a Grande Reserva Mata Atlântica, área considerada como maior remanescente contínuo do bioma, que engloba 60 municípios entre a Serra do Mar e o litoral dos estados de Santa Catarina, Paraná e São Paulo.
“Todo esse potencial natural se soma ao fato de a região encontrar-se próxima a grandes centros urbanos, estando a pouco mais de uma hora de um aeroporto, por exemplo, e com facilidade de acesso rodoviário”, comenta Marta Cremer, professora da Univille e coordenadora do projeto, que há mais de 20 anos desenvolve pesquisas com a rica fauna na Baía Babitonga. Apesar de todos os atrativos e belezas cênicas, a região é pouco conhecida pelo público interessado no turismo em áreas naturais.
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Os roteiros na Baía Babitonga incluem atividades como observação de aves em ninhal, visita a área de vida dos golfinhos, além de passeios de barco, mergulho e outras atividades adicionais, como o stand up paddle. Pensadas para os mais diversos públicos, as opções de visitação evidenciam os atrativos disponíveis, a possibilidade de acesso e execução dos mesmos. “Os roteiros são guias de possibilidades, mas podem e devem ser adaptados de acordo com os interesses de cada operador, possibilitando transformar as sugestões em opções comerciais”, explica Marta.
A força do Turismo de Observação da Natureza
Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, o turismo de natureza movimenta cerca de R$3,6 bilhões por ano no país. “Esse tipo de turismo é uma tendência no mundo todo, com grandes possibilidades de utilização sustentável dos recursos naturais, o que traz um novo olhar para os territórios. A atividade turística contribui para uma mudança de perspectiva dos atores locais, que passam a perceber a biodiversidade como uma oportunidade de negócios, gerando renda com o uso indireto dos recursos”, explica Marta.
Aliando economia restaurativa e conservação do meio ambiente, o TEON é uma estratégia para incentivar o surgimento de novos negócios, tendo a sustentabilidade e o respeito à natureza como norte. “O projeto Caminhos do Mar é um exemplo de como é possível aliar a pesquisa científica ao desenvolvimento socioeconômico, com inovação e o fomento a negócios de impacto socioambiental positivo. Em um país tão rico em biodiversidade, precisamos encontrar alternativas para o desenvolvimento sustentável, gerando renda para as comunidades ao mesmo tempo em que conservamos nossos ecossistemas e contribuímos para a proteção das espécies”, afirma Janaína Bumbeer, gerente de Projetos da Fundação Grupo Boticário.
Conheça os roteiros:
Raro local para observar toninhas e botos-cinza
A Babitonga é a única baía que abriga uma população residente de toninhas, sendo considerada o local mais propício para observação dessa espécie de golfinho no mundo. As toninhas, assim como os botos-cinza, vivem na região ao longo de todo o ano, usando a área para a alimentação e a criação de seus filhotes. Além disso, muitas aves podem ser observadas pescando ou pousadas nas rochas, bancos de areia e manguezais. O roteiro tem como foco a região central da Babitonga, local que possui belas ilhas e concentra a maior parte da fauna marinha local.
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Ninhal da Ilha Jarivatuba
A Babitonga abriga uma grande diversidade de aves, com mais de 70 espécies utilizando suas águas. Algumas aves se reúnem para reproduzir, formando os ninhais, que podem ser vistos de agosto a dezembro. Pelo menos oito espécies se reproduzem neste local e a visita é um grande espetáculo de cores e sons, com destaque para o guará, uma garça vermelha. A observação das aves acontece desde o trajeto até o local, assim como nos manguezais, que são berçários da vida marinha. A Ilha Jarivatuba forma o maior ninhal, mas outros dois podem ser observados na região central da baía, um na Ilha do Maracujá e outro na Ilha do Alvarenga.
Arquipélago das Graças
O Arquipélago das Graças é formado pelas ilhas Mandigituba, do Pirata, do Veado, Velha e da Paz, e fica a sete quilômetros da costa, situado em frente à Praia da Enseada. Partindo da Baía Babitonga, os portos de São Francisco do Sul e Itapoá podem ser observados ao longo do trajeto, assim como grandes bandos de aves marinhas e migratórias nas proximidades da praia do Capri e do Morro João Dias, onde está o Forte Marechal Luz. No inverno, espécies migratórias como baleias, lobos marinhos e pinguins podem ser vistos na água, enquanto no verão o mergulho de snorkel é uma excelente opção para conhecer a vida marinha.
Arquipélago dos Remédios
O Arquipélago dos Remédios está a cerca de 1,2 quilômetro do município de Barra do Sul, principal ponto de partida para o roteiro, sendo formado pelas ilhas dos Remédios, Feia, Araras, Instripitinga e dos Lobos. Recomenda-se fazer um roteiro que circule as Ilhas onde é possível avistar um ninhal de gaivotas na Ilha Feia e observar as belas formações rochosas como um todo. No inverno, espécies migratórias como baleias, lobos marinhos e pinguins podem ser observados na água, enquanto no verão as atividades náuticas trazem muitas possibilidades, como o mergulho de snorkel ou passeios de stand up.
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Rio Palmital
Grande parte do Rio Palmital está no município de Garuva, sendo conhecido como o “Pantanal do Sul” em virtude da grande quantidade de peixes de suas águas e a diversidade de fauna e flora. Sua beleza expressiva atrai visitantes do mundo inteiro para a pesca esportiva e descanso em meio à natureza. O Rio Palmital está inserido no complexo hidrológico da Baía Babitonga e suas margens são cobertas por imensos manguezais e ilhas que servem de berçário e morada de caranguejos, capivaras, jacarés-do-papo-amarelo e aves aquáticas.
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