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Inauguração do Vila Galé Collection Ouro Preto levanta questões no setor de turismo mineiro
A recente inauguração do Vila Galé Collection Ouro Preto trouxe luz sobre temas críticos no setor de turismo em Minas Gerais, revelando desafios de planejamento e sustentabilidade em um cenário de forte concorrência com a mineração

Minas Gerais vivenciou um furor no último fim de semana com a inauguração do Vila Galé Collection Ouro Preto. O evento, que atraiu a tradicional sociedade mineira repaginada e diversas personalidades, traz à tona uma discussão crítica sobre o planejamento no setor de turismo em Minas Gerais.
A recepção, marcada por um overbooking já no primeiro dia, evidenciou os desafios de estreias mal coordenadas. O novo empreendimento está localizado em um prédio histórico do século XVIII em Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto a 24 km do centro histórico da cidade. O imóvel ocupado agora pelo Vila Galé abrigou o primeiro Quartel do Regimento da Cavalaria de Minas Gerais, onde nasceu a PMMG. Posteriormente foi adquirido pela ordem dos Salesianos, onde funcionou o Colégio Dom Bosco. O resort agora representa um marco na restauração arquitetônica ao oferecer 311 apartamentos – dos quais já estão disponíveis 211 – distribuídos em três edifícios, além de lazer completo com piscinas, restaurantes, haras e até vinhedo e olival.
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Apesar das promessas de geração de 120 empregos diretos e 600 indiretos, a realidade da hotelaria pós-pandêmica expõe um apagão de mão de obra. O setor enfrenta uma competição quase desleal com a mineração regional que, embora insustentável, oferece melhores salários. Em um cenário onde as “bolsas auxílio do governo federal” e as “bolsas reparação” das mineradoras sustentam a economia, o grupo português Vila Galé terá que inovar na atração e capacitação de funcionários. A inauguração ainda foi marcada pelo anúncio de mais um Vila Galé em Minas Gerais, desta vez na cidade de Brumadinho, impulsionado pela força do Museu Inhotim. Na cidade que foi vítima do rompimento da barragem da Vale em 2019, os desafios se repetem. Apesar da necessidade de diversificação econômica, a mão de obra é escassa.
Quanto aos preços das diárias, apesar de algumas críticas, eles permanecem na média mineira, mas podem ser um custo-benefício mais atraente, considerando a qualidade das instalações e serviços, visto que o turismo no estado é caro para a qualidade de estruturas e serviços que oferece.
Durante a cerimônia de inauguração, o governador Romeu Zema reiterou os investimentos e as melhorias prometidas, como a duplicação da rodovia que conecta Ouro Preto, Mariana e Belo Horizonte. Tais avanços são cruciais para impulsionar a infraestrutura, melhorando a qualidade de vida na região e tornando o turismo uma alternativa mais viável. O governador ainda ressaltou a atração de mais de R$482 bilhões de investimentos em diversos setores econômicos para o estado de Minas Gerais, mas também reforçou a incapacidade de cumprir o regime de recuperação fiscal para o pagamento da dívida do estado junto ao Governo Federal e criticou os vetos do Presidente Lula ao Propag.
Ao passo que o Vila Galé Collection Ouro Preto e o Vila Galé Brumadinho podem trazer significativas oportunidades de avanço para o turismo mineiro, eles também colocam em evidência questões críticas de planejamento e sustentabilidade no setor. A gestão eficaz de recursos humanos e a implementação de melhorias de infraestrutura são desafios primordiais que definirão o sucesso a longo prazo destes empreendimentos e do turismo em Minas Gerais.
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