Sua História
Anos 2000: carnaval de adolescente
O ano era 2002 e não havia a facilidade de hoje da internet e dos smartphones para realizar pesquisas rápidas. Os roteiros de viagem não eram planejados e estudados, principalmente por três jovens que queriam apenas curtir o carnaval na badalada Porto Seguro/ Bahia.
Estávamos uma amiga, minha irmã e eu em um ensaio de pré carnaval. Resolvemos nosso destino quando outro amigo disse que uma galera estava indo para Porto Seguro em uma excursão. A viagem custava 300 reais por pessoa, incluindo passagem em ônibus executivo, pousada em plena passarela do álcool e meia pensão. Entusiasmadas, acertamos logo a viagem.
Assim, na data combinada, fomos para o local de embarque em frente ao Palácio das Artes, em B.H. Entretanto, o que esperar de uma viagem a esse valor? Para a época não era tão barato, mas não chegava perto de um preço justo, portanto, não dava para exigir muito.
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O ônibus chegou, dentro da normalidade para um transporte de excursão, acompanhado por um guia com aparência responsável, usando terno e gravata. Toda a turma estava muito animada.
Contudo, após 2h de viagem, para o espanto de todos, o tal guia trocou o seu terno por um short curto e uma blusa de telinha verde lima e começou a dar gritos empolgados. Naquela época não era comum esse comportamento para um guia.
Após 12h de estrada chegamos na pousada. Nosso quarto não tinha porta no banheiro. Além disso, não havia janelas, exceto a que dava pro corredor onde todos os hóspedes passavam. A pousada era muito parecida com aqueles hotéis da rua Guaicurus em Belo Horizonte, mas era o que tínhamos.
Como não conhecíamos nada na cidade, esperávamos que nossos colegas de viagem fossem nos acompanhar. Porém, eles partiram pra diversão e as três inocentes ficaram para trás. Inocentes mas nada introvertidas. Logo descobrimos o point de Porto Seguro e fomos parar em uma das melhores barracas daquela época: a Axé Moi.
Nos divertimos como nunca e encontramos muita gente conhecida de Minas. A cerveja se restringia a 2 marcas bem mais ou menos e, apesar de não termos dinheiro, escolhemos a “menos pior” pra manter uma boa aparência.
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Depois que nos divertimos na Axé Moi, rumamos para Arraial D´Ajuda e nos deparamos com outra realidade. Para acessar a conceituada barraca da praia era cobrado um valor e não tínhamos sequer o dinheiro para a entrada. Assim, foram as três na maior cara de pau, pedir dinheiro emprestado para um rapaz que vimos na viagem e que até então não havíamos desenvolvido qualquer tipo de amizade.
Dessa forma, entramos e ficamos alucinadas com a atmosfera carnavalesca e a quantidade de gente bonita. Apesar de não termos dinheiro, conseguimos sair de lá completamente alcoolizadas pela manhã. E assim aproveitamos todos os dias de carnaval. Em alguns momentos com piriri por causa da escolha da cerveja, em outros pegando carona com desconhecidos. Em muitos, fugindo de um senhor que foi na excursão e sempre pedia para bebericar nosso “capeta”.
Dormíamos de dia e saíamos depois do almoço, sem conhecer qualquer ponto turístico. Aproveitávamos o jantar que estava incluído no pacote e dançávamos em frente às TVS aguardando o horário da balsa que nos levava para Arraial.
Para completar, ainda tivemos a oportunidade de presenciar o pós carnaval nos últimos dias. Em nossa porta passaram Ivete Sangalo, Ásia de Águia e Araketu, enquanto nossa beliche tremia pelo impacto dos trios elétricos.
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Enfim, sempre havia uma coisa pra rir ou para causar. Foi uma viagem inesquecível! Sem muito planejamento conseguimos aproveitar um dos melhores carnavais do Brasil. Até hoje nos trás a lembrança de uma das melhores aventuras que vivemos juntas. Em um tempo em que não havia a facilidade de se obter informação e nem redes sociais que nos comprometesse.
História enviada por Cynthia Caroline Costa Clemente
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