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Estreia “Sua história”: um (desas)sossego de pousada

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Foto de chuveiro com pouca água caindo
"Chegamos à noite, exaustos. Então fomos correndo tomar aquele banho quente que os deuses merecem" (Foto: Freepik)

Vida de casado é assim, se deixarmos as coisas esfriarem a tendência é que o gelo tome conta de tudo. Então, um dia, estava em casa com a esposa. Ela de um lado com seu potente e celular de última geração que ganhou aqui do “papai”, sentada no canto do sofá e eu do outro lado com meu Android simples, fazendo uma busca de pousadas perto de nossa cidade. E é aqui que começa a minha história.

Achei e fiquei feliz da vida. Dei um pulo de alegria que quase matou minha esposa do coração. E então ela já veio com trocentas pedras na mão, dizendo: “cé é louco homem, tá doido de pra lá de metro?!” – expressões interioranas. Sem pestanejar respondi: “Claro que não uai! Estava pesquisando uma pousada pra gente passar o final de semana juntinhos e ainda curtindo dois shows de graça que terão na Festa da Cachaça na cidade vizinha”.

Dito isso, o semblante da patroa mudou da água para o vinho, onde ela me disse: “Nossa vamos viajar e nem me comunicou, como assim?”. Passado o teatrinho, logo depois estava ela arrumando suas malas, que na verdade mais parecia um contêiner. Afinal, estava colocando seu guarda-roupa todinho pra um final de semana, enquanto eu terminava de fechar a reserva na bendita Pousada do Sossego, que inclusive, minha esposa fez questão de verificar as instalações na internet, o que não a deixou muito animada, mas lá fomos nós.

Chegamos na pousada cedo. Pontualmente às 7h. Esperamos alguém para nos dar as boas vindas e entregar as chaves do quarto, porém não tinha ninguém, nem um recepcionista. Entretanto, havia um casal de frente para uma televisão enorme! Confesso que nem sei o tamanho das polegadas. Perguntamos se sabiam onde estava a pessoa responsável pela entrada. E com sorrisos amarelos ambos me responderam: “Opa, uai somos nós dois”. Pensei comigo: “- pronto terei problemas”.

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Ao subir para o quarto nossa saga tem início, pois assim que adentramos havia um forte cheiro de fumaça de cigarro e no banheiro alguns “morenos boiando”. O que foi motivo de riso e ao mesmo tempo preocupação com o que estaria por vir. Refeitos do trauma inicial, tiramos as roupas das malas, o tempo estava frio e o volume das malas eram grandes. Logo após, descemos para tomar o café da manhã. Imaginamos aquela mesa farta, repleta de comida tradicional mineira. Mas nos deparamos com uma bandeja de pães de sal, outra com pães de queijo e um copo americano para tomarmos café. Que desastre! Nada de frutas, nem da época nem comida local. Um detalhe, minha esposa não toma café com açúcar, mas na pousada esta opção não existia. E também não havia xícaras. Era tudo no sistema rústico do copo americano mesmo.

E aí o trem foi complicando. Logo a feição dela mudou e eu já sabia que o dia prometia. Quando o dono da pousada disse que estavam servindo refeição, minha esposa já disse que iriamos passar a tarde fora, assim nem precisaria se preocupar conosco. Chegamos à noite, exaustos. Então fomos correndo tomar aquele banho quente que os deuses merecem. Ledo engano. Do chuveiro caiam filetes de água morna. Foi aí que minha digníssima virou o bicho, digo, virou onça. Resolvemos dali mesmo juntar as coisas e retornar para nossa casa, o que gastaria uns 30 minutos. Chegamos em casa, p*%#$ da vida, descemos toda bagagem, pedimos uma comida pelo aplicativo. Por fim, minha esposa ficou com seu celular turbinado e de última geração de um lado do sofá e eu postando um comentário na página da pousada do outro lado.

História enviada por Emerson Nonato.

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