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Turismo e Inovação

A criatividade a serviço do turismo

Saiba como a tecnologia e a criatividade podem transformar uma experiência, promovendo o desenvolvimento do setor do turismo.

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Foto: Mattew/ Flickr

No último texto falamos sobre turismo criativo e como esta forma de promover e vivenciar o turismo se torna uma ferramenta de inovação social.

Hoje, trago uma reflexão sobre como os setores criativos, especialmente software, audiovisual, mídias, arquitetura e design, podem auxiliar a promoção dos destinos, incrementar a experiência do usuário/ turista e contribuir para a preservação/ proteção do patrimônio natural e cultural, que tanto despertam o interesse dos turistas.

Um pouco antes da pandemia, o uso de realidade virtual e/ou aumentada já aparecia como uma forma inovadora de promover destinos turísticos em feiras, eventos e treinamentos específicos do setor. O uso de óculos 3D e a possibilidade de instalar estruturas que recriavam sons, clima, aromas e toda a atmosfera de diversos destinos turísticos começava a aparecer. Assim, de repente, diretamente de um pavilhão, era possível se transportar, pelo menos no imaginário, para uma praia paradisíaca, um sítio arqueológico, um museu de arte, uma apresentação musical e vivenciar, mesmo que brevemente, um pouco do que o destino apresentado poderia ofertar.

Visitas virtuais

Com a pandemia, uma das formas possíveis de manter o interesse dos turistas, e continuar de alguma forma presente na mente, e na lista de desejos, das pessoas, foi a oferta de visitas virtuais e a possibilidade de ver um pouco, mesmo que da telinha do computador, um mundo de possibilidades, literalmente. Com o aumento das demandas e, em um caminho natural de melhorar cada vez mais o uso das ferramentas, o Google incluiu no Google Arts & Culture a possibilidade de visitas em 3D a alguns dos principais pontos turísticos do mundo. Se você ainda não testou, aproveite uma visita rápida àTorre Eiffel em Paris e veja a vista que se tem de lá!

Imagem captada por Marina Simião do Google Arts e Culture

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Além disso, uma série de destinos, museus, casas de espetáculo e teatros, incluíram em suas atividades a possibilidade de realização de visitas virtuais, que permanecem disponíveis e seguem sendo aprimoradas cada vez mais, assim, é possível conhecer um pouco mais sobre o acervo dos mais importantes museus de todo o mundo.

As oportunidades trazidas pela realidade virtual

Claro que, para a grande maioria das pessoas, uma visita deste tipo não substitui a oportunidade de estar lá presencialmente, mas, vamos imaginar que durante uma ida à Nova York por exemplo, parte da Times Square esteja em reforma ou interditada por ocasião de algum grande evento, o uso deste tipo de ferramenta permite que o turista ainda assim, possa ter uma experiência bem interessante e não se sinta tão frustrado.

De tempos em tempos, são realizadas intervenções para manutenção, reforma e adequações dos edifícios, ou ainda, estruturas ainda por serem concluídas. Isso significa que parte da edificação pode ficar indisponível para visitas, ou ainda, ter a fachada ou parte dela, bloqueada por andaimes e outros equipamentos de construção civil.

Com o uso de realidade virtual, se torna então, possível apresentar ao turista como a edificação ficará após finalizada, e até mesmo, apresentar um “antes e depois”. Como o que foi feito com a Catedral da Sagrada Família em Barcelona, Espanha. Sua obra foi iniciada há mais de 140 anos, os responsáveis pela edificação apresentaram um vídeo em 3D que ilustra todo o processo de construção e apresenta como a obra ficará quando de seu término, previsto para 2026.

Porém, mais do que lidar com uma eventual frustração dos turistas, o uso de ferramentas de realidade virtual, realidade aumentada, aplicativos, etc, vem contribuindo também para a preservação e proteção da fauna, flora e claro, do patrimônio cultural, em especial, o patrimônio material.

1º zoológico em holograma

Há muito vem sendo questionada a forma e a necessidade de se manter zoológicos em todo o mundo e claro, a forma de tratamento e cuidados aos quais os animais são submetidos. Exemplos de locais em que animais são sedados para que turistas possam fazer fotos, espaços em que ficam expostos à ambientes totalmente diversos de seu habitat natural e rotinas por vezes estressante, são muitos em todo o mundo. De outro lado, há uma parcela de pessoas que ainda defende estes espaços como forma de proteção e educação ambiental para que as pessoas possam conhecer as mais diversas espécies, dos mais distintos ecossistemas, em um mesmo lugar.

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Em uma resposta, no mínimo, inteligente, foi inaugurado recentemente na cidade de Brisbane na Austrália o primeiro zoológico em holograma, o Hologram Zoo. Em uma visita que dura em torno de 90 minutos, o turista tem a oportunidade de conhecer mais de 50 espécies de animais, recriadas em holograma, inclusive uma baleia de 25 metros.

A experiência vai além da apresentação dos animais, também são recriados os habitat naturais, seja através de sons, temperatura e condições do vento, por exemplo, demonstrando que é possível encontrar um caminho para que os indivíduos possam conhecer e “se aproximar” de diferentes espécies, sem necessariamente, que signifique retirar os animais de seu habitat ou ainda, que os mesmos sofram maus tratos.

Indo além do óbvio

Brincar com a criatividade e diversificar a forma de experimentar espaços, por muitas vezes compreendidos como rígidos, à exemplo de museus, tem gerado um leque de possibilidades e inovação. A depender do local, é possível recriar uma obra de arte, dar movimento à estátuas e pinturas, e quem sabe, até se tornar maestro por um dia, à exemplo do que é ofertado no Museu da Música em Viena

Foto: Hanna Pribitzer/ Haus der Music

O auxílio da tecnologia na preservação da história

Ao tratar de patrimônio cultural, tais tecnologias passam não só a contribuir com a experiência do usuário, mas também auxiliam na proteção e preservação dos mesmos. O registro de monumentos, edificações, sítios arqueológicos, ruínas, entre outros, contribui para que em um eventual incidente natural, como terremotos, estes espaços possam ser reconstruídos, ou, pelo menos, lembrados de como eram antes destes adventos.

A depender da sensibilidade dos espaços, da necessidade de restrição do acesso para segurança de artefatos, pesquisas, etc, estes registros possibilitam que os mesmos sejam conhecidos do público em geral, quando incluídos em seus respectivos centros de memória, ou em espaços culturais e de exposição do território em que estão localizados, fazendo jus à demanda de educação patrimonial.

Por um motivo distante de qualquer nobreza, a tecnologia está sendo utilizada na Ucrânia, desde o início do conflito com a Rússia, para que voluntários e civis em território ucraniano possam registrar monumentos, edificações, centros culturais, objetos e acervos diversos entre outros, de forma a preservar a memória do país e possibilitar sua futura reconstrução. O projeto batizado por Backup Ukraine conta com o uso do aplicativo Polycam e é uma iniciativa da agência Virtue Worldwide, da Blue Shield Denmark, grupo que contribui para a proteção de patrimônios culturais em todo o mundo e da Comissão Dinamarquesa da Unesco.

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Tecnologia e criatividade

Vimos que a tecnologia e a criatividade, quando em diálogo com a atividade turística, podem fazer uma grande diferença para o desenvolvimento do setor. Porém, mais do que isso, vimos que elas podem criar ferramentas que contribuem com iniciativas que fazem a atividade turística melhor, seja pelo apoio à educação patrimonial e ambiental, seja por criar oportunidades de conhecimento e aprendizado sobre outros povos e lugares, seja pelo incentivo a rever processos e serviços ofertados, seja porque auxiliam no registro e memória, mas principalmente, porque estas ferramentas contribuem para a nossa capacidade de sonhar. Sonhar com lugares e experiências, sonhar com territórios e biodiversidade protegidos, sonhar com a possibilidade de reconstrução, mesmo quando somos nós mesmos responsáveis pela destruição.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.