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Turismo e Inovação

Turismo e inovação: Para começar, um dedo de prosa

Entenda como turismo e inovação são aliados para o desenvolvimento do setor.

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Foto de uma lâmpada sobre um tecido, com o globo terrestre por dentro.
A inovação é muito mais do que tecnologia (Foto: Pixabay/ PIRO4D)

Confesso que se me contassem, no começo da minha carreira, que um dia estaria escrevendo sobre turismo e inovação, com certeza soltaria uma bela gargalhada. Pois é, a vida prega peças e nos mostra caminhos muito diferentes daqueles que imaginávamos, e que bom que é assim.

Abro este texto com essa reflexão porque, como muita gente, anteriormente, ao pensar em inovação, automaticamente a conectava com tecnologia. E nem sempre, a tecnologia e eu nos demos muito bem. Tanto é que ao escolher minha profissão, não tive dúvidas em buscar, no final da década de 90, a formação na área de humanas. Seguindo uma espécie de convicção de que para trabalhar com gente, deveria “fugir” das ciências exatas.

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Assim, fui para a psicologia e para o turismo. Ambientes em que, no meu imaginário, não precisaria lidar com números, estatísticas, escritório e burocracia. Dessa forma, poderia estar sempre em contato com pessoas e longe da tecnologia, à época, praticamente um sinônimo para inovação no meu entendimento. Ledo engano! A psicologia segue no coração e nas leituras, já o turismo, este me envolveu de todas as formas e me absorveu completamente.

Inovação além da tecnologia

Comecei a perceber o tanto que meu pensamento estava equivocado ainda na universidade. Mas, ao iniciar a vida profissional, ficou evidente já nos primeiros projetos, ao atender os primeiros clientes e me relacionar com outros profissionais e instituições. Vi, o que já deve ser óbvio para muitos, que inovação está muito além da tecnologia. E turismo, exatamente por ser um setor em que as pessoas são sua razão de existir, não avança sem inovação, inclusive, tecnológica.

Se pudesse estabelecer uma espécie de marco, seria por volta de 2007. Foi quando vivenciei um certo incômodo e a sensação de que tudo estava muito repetido no turismo. Seja na oferta, ou na forma de apresentar os destinos, havia uma certa pasteurização de iniciativas. Por vezes pautadas em modelos trazidos de outros destinos, sem qualquer adaptação, ajuste, ou releitura à realidade local.  

Turismo e economia criativa

Foi quando me deparei com o tema economia criativa, que, de forma breve, trata especialmente do impacto econômico gerado pelos setores criativos. A partir do uso da criatividade, diversidade cultural e capital intelectual como insumos primários para geração de valor. Acho que a alegria, empolgação e curiosidade que senti foram equivalentes aos momentos em que iniciava um projeto novo ou visitava um novo destino. Lembro de pensar que a interação de turismo e economia criativa, poderia se configurar como um divisor de águas para o setor. Ou seja, ser uma chave para a inovação no e para o turismo, e quem sabe, o tão esperado e merecido salto que a atividade turística poderia vir a ter no país.

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Sendo assim, constatei que os setores criativos: artes visuais, artes plásticas, games e softwares, arquitetura, gastronomia, música, literatura, dança, arquitetura, moda, design… seja conectados aos territórios em que estão, seja como desenvolvimento de ferramentas e serviços para destinos diversos, poderiam trazer oportunidades de inovação para o turismo. Fossem elas inovações na formatação de produtos turísticos, na configuração de modelos de negócios, na experiência do cliente, no arranjo territorial e social, no arcabouço legal e tributário, e claro, na variedade de ferramentas tecnológicas disponíveis à auxiliar todo o desenvolvimento do setor turístico e sua cadeia produtiva.

Aprendizado para o setor do turismo no período pós pandêmico

Me permito aqui recordar de um passado bastante recente em finais de 2020, durante a pandemia da Covid-19 e todas as incertezas do período. Nesse momento tive a oportunidade de participar de uma entrevista que teve como foco identificar os principais aprendizados para o setor naquele momento, e como eles poderiam ser tratados no período pós pandêmico.

À princípio, lembro-me de citar a necessidade crescente de articulação e trabalho colaborativo de todos os atores, de geração bem como análise de dados para balisar e garantir maior segurança na tomada de decisões estratégicas. Da mesma forma a resiliência de empreendedores, gestores, trabalhadores, a necessidade de melhorar a segurança jurídica para clientes e prestadores de serviços. Entretanto, destaquei em especial a importância de se perder o medo das mudanças que a inovação poderia trazer.

Inovação em várias vertentes do turismo

Inovação compreendida em suas mais variadas vertentes. Seja o uso de tecnologia para garantir a segurança sanitária de turistas e empregados. À exemplo os aplicativos e sistemas que usam da inteligência artificial para atendimento ao turista, como realização de auto check-in, reserva e venda de serviços, realização de eventos virtuais. Seja o avanço das iniciativas em prol da consolidação dos recém denominados “destinos turísticos inteligentes”, em que a tecnologia permite uma série de comodidades, segurança e informações turísticas locais desde mobilidade urbana, passando por horários de funcionamento dos atrativos, entre outros.

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Inovar, no que diz respeito ao posicionamento de destinos turísticos, apoiados por estudos de placebranding, considerando questões de sustentabilidade, sociais, tributárias e jurídicas; e identificar novas oportunidades de arranjos locais e de governança do território de maneira a garantir o principal “mantra” do turismo: para ser bom para o turista, deve ser bom pro residente.

Elencar novas possibilidades de experimentar o destino, incluindo e valorizando a cultura, a natureza, o modo de viver e saberes. Dessa maneira, envolvendo agentes locais, com atenção às tendências de consumo, proporcionando experiências mais criativas que contribuam para a diversificação e diferenciação da oferta turística.

Identificação dos mais diversos modelos de negócios que possam encontrar espaço para diálogo e consequente melhora do arcabouço legal. Assim, fomentando o empreendedorismo por decisão e aptidão, e não apenas por necessidade, o que é bastante característico no país. Este ponto em especial também nos leva a pensar sobre o futuro do trabalho e quais ocupações na cadeia produtiva do turismo poderiam ter sua existência comprometida em virtude de tais tecnologias ou ainda as novas ocupações que poderão surgir. Além de identificar quais as principais competências a serem trabalhadas para a formação de profissionais para o setor.

Inovação, a maior aliada do turismo

O leque de oportunidades e desafios quando falamos de turismo e inovação é realmente extenso. É nesta linha que convido-os para esta jornada, buscando troca de experiências, análises de ferramentas, apresentação de projetos e programas em torno do tema, conhecimento de “novos” e “velhos” serviços, além claro, do conhecimento de casos de sucesso, e porque não, de alguns casos fracassos? É preciso perder o medo de errar, que além de ser parte da condição humana, proporcionar amadurecimento e consciência, é crucial para a inovação.

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E demonstrar que a inovação, em suas mais diversas formas, não deve ser temida, mas sim, aliada de primeira hora para o turismo. E dessa maneira, fazer com que o setor seja compreendido por todos os atores da sociedade da mesma forma que nós, turísmólogos e profissionais do setor, o compreendemos. Como eixo estratégico para desenvolvimento do país.

Falando de inovação utilizando a invenção mais antiga da humanidade: a escrita

Enfim, convido para uma jornada que acontecerá em um espaço virtual, proporcionado pelas oportunidades que a inovação tecnológica pode trazer. Nesse sentido, através da escrita, uma das invenções mais antigas e decisivas da humanidade: primeira forma de transmissão de pensamentos através de símbolos.

Jornada que não tem a pretensão de ser um monólogo, mas sim, trazer estes temas também sob o prisma de outros profissionais. Seja com perspectivas convergentes ou não, mas principalmente, que possa oportunizar boas reflexões e amplitude na compreensão das interfaces entre o turismo e a inovação. Contudo, tem a pretensão de fazer com que, apesar de realizada em ambiente virtual, permita uma sensação de proximidade em que o diálogo e a boa conversa prevaleçam.

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Afinal de contas, se para mim o turismo causa encantamento por ser, sob um olhar bastante simples, uma grande oportunidade de encontro entre pessoas diferentes. De estilos de vidas, culturas, lugares e saberes. A inovação é uma das possibilidades para fazer com que estas oportunidades de encontro realmente se consolidem. Então, te encontro por aqui!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.