Gastronomia
De projetos sociais a restaurantes sofisticados: cruzamos o menor estado do Brasil para conhecer a gigante culinária sergipana
Uma viagem pelo turismo de experiências gastronômicas de Aracaju a Canindé de São Francisco.
Quando a gente compara lugares do Brasil entre si, um estado com pouco mais de 21mil km2 parece pequeno – Minas Gerais tem mais de 548 mil (Km2). E a população? Enquanto o estado de São Paulo tem mais de 44 milhões de habitantes, Sergipe 2.3 milhões. Mas se ampliamos essa lupa vemos que o menor estado do Brasil é maior que o Catar (país árabe do sudoeste asiático); que Israel, país do Oriente Médio, e mais que isso, é leito do Rio São Francisco, das catadoras de mangaba e aratu, de uma cidade que possui inclusive moeda própria – que não é o real.
Viajar pelo Brasil me faz descobrir um país maior do que eu imaginava. Todas as vezes que eu estive em Sergipe tive a oportunidade de fazer coisas diferentes. Quando a gente separa os estereótipos e nos permitimos ir além do óbvio, deparamo-nos com a possibilidade de diferentes descobertas. Eu atravessei o menor estado brasileiro da capital Aracaju à cidade de Canindé de São Francisco e fui surpreendido pela gastronomia, pela hospitalidade e principalmente por projetos que deveriam ser orgulho do turismo brasileiro e não só sergipano.
Delícias na capital sergipana
No restaurante “Seu Sergipe”, em Aracaju, a chef Seichele Barboza (@restaurante_seusergipe) traz para o menu em até 10 etapas os mais variados sabores da região, como o picles de maxixe, o carpaccio de caju, emulsão de coentro, ou ainda o hambúrguer de polvo, ou o de camarão crocante com uricuri. É uma imersão na cultura sergipana por meio da culinária. Um lugar que abrilhanta o cenário gastronômico do Nordeste, sem falar na simpatia da chef Seichele que tem na veia as expressões artísticas, a vontade de contar histórias que não cabem num prato.
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Ainda na capital, a orla de Atalaia nos leva ao Parati (@praiaparati), um beach club pé na areia, relaxante e com um riquíssimo cardápio de moquecas, inclusive moqueca de siri, o que achei inusitado. E quem nos recebe é o Henry, empreendedor holandês que fez de Sergipe sua casa.
Mangaba e aratu
De casa em casa, fomos conhecer os projetos que fazem de Sergipe um lugar único. Primeiro as catadoras de mangaba e aratu. Um movimento genuíno, sustentável e que dá vida e economia a comunidades como em Pontal e Indiaroba. Foi nessa visita que conheci a dona Gleise e o Sr. Vilenor, casados há 40 anos e que tem na mangaba e no aratu o sustento da família. Além, claro, de receber turistas com cocadas feitas na hora, histórias e tradições compartilhadas num verdadeiro turismo de experiência.
Também na cidade de Indiaroba, já na divisa com a Bahia, conheci o primeiro banco municipal do Norte e Nordeste. Foi o próprio prefeito Adinaldo do Nascimento, criador da moeda, quem nos mostrou o cartão e como o banco municipal funciona. Todos recebem em Aratu, sim, esse é o nome da moeda que circula em Indiaroba, onde 1 real vale 1 Aratu. Um dos objetivos é fazer o dinheiro circular na própria cidade, movimentando o comércio local.
Castanha de caju e mandioca sergipana
Do outro lado do estado fui ainda a dois projetos de beneficiamento de alimentos importantíssimos para a culinária nordestina, e por que não dizer brasileira: as castanhas do Carrilho (@cooperativadecastanhas), próximo à cidade de Itabaiana, que ensacam e distribuem castanhas de caju para todo o Brasil. De dar água na boca só de lembrar! E na cooperativa de beneficiamento da mandioca, a Coofama (@coofama), em Campo do Brito, que vai exportar parte da produção de quase 40 toneladas de farinha de mandioca, agora para os Estados Unidos. Na Coofama, provamos panetone, empadinhas, biscoitos, tudo feito com mandioca. Estes lugares me fizeram olhar para as bases da culinária brasileira, e direto de sua fonte. E isso foi uma experiência transformadora.
Velho Chico
Por fim, do outro lado do estado, na divisa hidrográfica com Alagoas, Sergipe nos recebe com as belezas do Velho Chico. A cidade de Canindé de São Francisco é ponto de partida para muitas aventuras pelas águas, pelas cidades ribeirinhas, pela gastronomia. Dos janelões nas suítes do tradicional resort Xingó Parque Hotel é de se admirar a força do sertão brasileiro. E o hotel tem um café da manhã que resume parte dessa viagem com seus bolos de coco e gizados com macaxeira. Passeios de lanchas, visitas aos Cânions, restaurantes como o Karrankas, o Nalva. A fronteira é tão movimentada que ora estamos em Sergipe, ora em Alagoas.
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E toda essa sergipanidade, que começa lá no museu da gente sergipana, nos restaurantes de Aracaju, ou nos prédios históricos da cidade de São Cristóvão, atravessam o estado contando histórias, vivendo sabores, abraçando tradições e sem dúvida enriquecendo o turismo gastronômico brasileiro. Bravo! Gosto assim!
Todas essas vivências em Sergipe não seriam possíveis sem nossos parceiros da TopTur Aracaju, o Guia Reinaldo, a Abrasel-SE, a Setur-SE, e a Léa Duarte com quem compartilho a paixão pelo turismo gastronômico brasileiro. O meu Obrigado!
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