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Encontrando Villa Lobos no Vale dos Vinhedos

A experiência que já era incrível, ficou ainda melhor quando o universo cultural se juntou com as nuances das proposições turísticas.

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Casa Valduga no Vale dos Vinhedos/ RS (Foto: Ubiraney Silva)

Durante a viagem para uma imersão em turismo pelo sul do Brasil, precisamente em Viamão, Vale dos Vinhedos, Nova Petrópolis, Gramado e culminando com o Festuris – Festival de Turismo de Gramado, estamos tendo a oportunidade de vivenciar momentos bem interessantes, inovadores e que ilustram bem a finalidade do que viemos buscar por aqui.

Visitamos alguns empreendimentos cheios de inovação e criatividade como a Estância das Oliveiras em Viamão, onde conhecemos os segredos para o sucesso de um olival produtivo, em uma propriedade maravilhosa e com um atendimento acolhedor e muito surpreendente.

Em Bento Gonçalves conversamos com o empresário Tarcísio Michelon, o Diretor Superintendente da Rede de Hotéis Dall’Onder, que já conhecia, mas nesta oportunidade, o baluarte do turismo na Serra Gaúcha novamente nos encheu de entusiasmo e coragem para os desafios que o desenvolvimento do turismo nos impõe!

Mas o fato mais inusitado aconteceu, ainda em Bento Gonçalves, onde se torna inevitável uma visita às vinícolas, para conhecermos melhor qual é o cerne do vale dos vinhedos e claro, a força histórica, comercial e gastronômica dos mais variados sabores de vinhos que são produzidos na região.

A Casa Valduga

Em uma instigante visita à Casa Valduga, onde fomos guiados pelo experiente enólogo e sommelier Firmino Splendor Junior, que nos proporcionou uma gama de conhecimentos sobre os vinhos, seus segredos e seus sabores, fiz minha maior descoberta sobre o tema, que é o fato de que além da espécie da uva, que determina o tipo de vinho que vamos tomar, uma outra combinação que contribui com a personalidade do produto embalado e que pode agregar valor no momento da rotulagem das garrafas.

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Foi ali, que em uma grata surpresa, ludicamente encontrei Villa Lobos, um ícone da música brasileira no Vale dos Vinhedos, precisamente nos enormes corredores que guardam as cavas com as reservas da Casa Valduga em seu paciente processo de envelhecimento dos vinhos.

Casa Valduga no Vale dos Vinhedos/ RS (Foto: Ubiraney Silva)

Daqui a pouco esclareço melhor esta questão, primeiro quero trazer algumas informações sobre a Casa Valduga, para quem ainda não teve a oportunidade de conhecer de perto este atrativo especial no sul do Brasil.

A família Valduga

Tudo se inicia em 1875, quando o primeiro imigrante da família Valduga, desembarca no Brasil.

Com origem na cidade de Rovereto, ao norte da Itália, os Valduga, cultivaram os primeiros parreirais no coração do que hoje é o Vale dos Vinhedos. O que eles não sabiam, era que ali, davam início ao legado de um dos mais renomados nomes da vitivinicultura brasileira. A vitivinicultura, pode ser entendida como a ciência que estuda o cultivo da uva.

Com muitas conquistas, dificuldades, altos e baixos comuns a qualquer empreendimento, 140 anos depois, o então patriarca, Luiz Valduga, idealizou o sonho, que era a construção da “melhor vinícola do país” e acho que ele conseguiu viu!!

A Família Valduga – Vale dos Vinhedos/ RS (Foto: Ubiraney Silva)

Com a presença segura de três de seus filhos, a tradição vinícola da família, foi beneficiada com as mais modernas técnicas para produção de vinhos finos. Hoje a Casa Valduga é uma das vinícolas mais apreciadas do Brasil e é comandada pelos irmãos Valduga, que permanecem na transmissão da paixão pelo vinho e isto é facilmente identificado ao visitarmos o local.

O encontro com Villa Lobos

Mas voltando ao que interessa, andando curioso pelos enormes corredores da adega Valduga, sempre atento às rápidas informações que eram repassadas pelo guia Firmino, pude perceber, que além da garantia de qualidade do vinho, que chega às nossas mesas, recheado pelas tradições da família. Aqui, vale dizer, que era a matriarca Maria Valduga, quem dava a palavra final com seu refinado paladar, que garantia um rigoroso controle de qualidade.

Por isso, os vinhos carregam também uma personalidade, que pode ser impresso pela alusão a membros da família ou a personalidades mundiais, o que ficou comprovado para mim, quando do nada me deparo com a famosa imagem e a assinatura de Heitor Villa Lobos e isso me chamou a atenção.

Casa Valduga no Vale dos Vinhedos/ RS (Foto: Ubiraney Silva)

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Como conhecedor da obra e intérprete de alguns sucessos do músico, curioso, quis logo saber o que Villa Lobos fazia naquela destacada prateleira. Rapidamente me reportei ao guia de nossa visita, que me explicou, que aquela homenagem a tão ilustre personalidade da música brasileira, se deu, exatamente pela similaridade das personalidades do músico e claro, a sugestão de que o vinho, que fiz questão de comprar, também imprimia a energia e inquietação do ilustre compositor.

Já aviso, que logo logo, vou degustar esta preciosidade pra comprovar a inquietação e energia, que Villa Lobos garantia em suas obras e no seu dia a dia.

O homem e o rótulo Villa Lobos

Vale esclarecer, que Heitor Villa-Lobos figura como o mais importante e mais reconhecido maestro brasileiro. Ele foi um magnífico compositor e sua atuação teve grande importância no período do modernismo no Brasil.  “Seu talento foi essencial para trazer à tona aspectos de uma música brasileira, com foco na cultura popular e regional” segundo os pesquisadores.

Indaguei ao enólogo Firmino, que nos guiava naquela visita, qual era a motivação daquela homenagem e ele disse que o rótulo Villa Lobos, era “uma verdadeira sinfonia de aromas e sabores”. Vou apreciar o vinho e depois conto aqui!

Segundo consta, o vinho que homenageia este ícone da música, passa a ser também um ícone da viticultura brasileira e entra definitivamente para o portfólio da vinícola. Firmino nos diz ainda, que “A vinícola e a Academia Brasileira de Música comprometeram-se a rotular com o nome do maestro apenas o Cabernet Sauvignon resultante de safras especiais e de altíssima qualidade.” Para isso, foram selecionadas as mais finas uvas Cabernet Sauvignon e é isto que resulta a riqueza do sabor desta joia da viticultura.

Turismo e cultura, a união que sempre dá certo

Essa proposta da Casa Valduga, além de uma proposta inovadora, só comprova que a junção do universo cultural com as nuances das proposições turísticas, tornam os produtos mais atraentes, mais interessantes para o mercado, definem nichos específicos e aguçam a curiosidade do consumidor, como foi o meu caso.

Entre as características e extravagâncias de Villa Lobos, pesquisei e achei, que “A obra de Villa Lobos era considerada ousada e exótica para os padrões musicais mais conservadores dos paulistanos, e ele subiu ao palco para reger os músicos de casaca e chinelas. “Não se tratava de um visual de protesto, mas a impossibilidade de vestir um sapato por causa da gota que lhe acometia”, conta Flávia Toni.

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Se o vinho que comprei com grande prazer é bom, ainda não sei, mas que encontrar Villa Lobos em uma vinícola gaúcha, com certeza, foi determinante para o meu investimento. Como turista, saí de lá todo alegre e realizado, afinal, levo Villa Lobos pra casa, pra degustar não pelos meus ouvidos, mas curtindo o sabor de uma obra da viticultura brasileira, que nos faz turisticamente internacionais!!

Para mim, que também milito na atividade turística, isso é um verdadeiro sucesso!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.