Gastronomia
Avaliações falsas sobre restaurantes e hotéis: o que você acha disso?
Itália e Espanha se posicionam contra avaliações positivas ou negativas, falsas, em defesa da transparência ao consumidor.
Um comentário falso pode destruir a vida de alguém, e também de muitos empreendimentos. As avalições fazem parte do nosso novo comportamento de consumo. Decidir por um restaurante ou hotel passa cada vez mais por uma apuração detalhada do que se fala sobre aquele lugar na internet, principalmente nos sites que divulgam essa avaliação. Na Espanha, em conformidade com diretivas da Europa, uma empresa é obrigada a informar que o consumidor realmente utilizou aquele produto ou serviço. Na Itália, um projeto de lei quer acabar com essas notícias falsas sobre restaurantes e hotéis. E no Brasil? O que você acha das Fake News da gastronomia, do turismo?
Concorrência desleal, falta de identificação, de transparência com o consumidor, impossibilidade de reverter o comentário são alguns dos motivos pelos quais a Itália sai na frente em aprovar projeto de lei, esta semana, dia 15 de janeiro, contra as avaliações falsas, tanto negativas quanto positivas, uma vez que prejudicam a relação de consumo e o direito do consumidor a informações verdadeiras para que possam fazer escolhas claras.
De acordo com relatório de transparência do Tripadivisor 2023, foram detectados 1.3 milhões de avaliações falsas, entre 30.2 milhões de avaliações no site. Detectadas pela tecnologia de fraudes, foram removidas, 72% antes mesmo de terem sido divulgadas, segundo o relatório. A quem interessa uma notícia falsa sobre um restaurante ou um hotel?
Avaliações influenciam a escolha do consumidor
Segundo o Ministério de Negócios e do Made in Italy, 82% das reservas de hotéis e 70% das reservas de bares e restaurantes são influenciadas pelas avaliações online. O projeto de lei aprovado esta semana, entre outras coisas, prevê prazo de 15 dias para publicações de avaliações, fundamentadas e detalhadas. Hotéis e restaurantes poderão solicitar a remoção de comentários em determinadas ocasiões se conseguirem demonstrar que tomaram medidas para resolver os problemas, ou se as avaliações forem consideradas enganosas ou falsas. O projeto ainda vai para regulamentação.
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Não só em sites especializados, mas as redes sociais estão repletas de avaliações sem qualquer fundamento. Uma simples busca vai te levar para “os 10 melhores da cidade”; “o hotel sujo”; “o pior atendimento”, isso sem mencionar nas chamadas apelativas para avaliar bem ou mal algum estabelecimento, sem qualquer transparência, confundindo a escolha do consumidor.
A federação italiana de estabelecimentos públicos, Fipe Confcommercio, que representa mais de 335 mil empresas do setor do turismo e lazer, celebrou o que na sua opinião representa “um importante passo a frente na proteção dos consumidores e empresários”. A associação nacional de defesa do consumidor, Assoutenti, também aplaudiu a proposta: “Qualquer medida que garanta maior transparência aos consumidores na escolha de produtos e serviços é bem-vinda”.
Avaliações falsas podem prejudicar restaurantes e hotéis
É claro que uma pessoa que foi a um restaurante apenas uma vez pode contar sua experiência, mas isso muitas vezes não é a realidade do local. Uma avaliação leiga pode confundir um hotel boutique com um cinco estrelas, que são categorias completamente diferentes. Um hotel boutique, por exemplo, pode não ter piscina, o que é uma obrigação para a categoria 5 estrelas, regulamentada pelo Ministério do Turismo.
As avaliações falsas, ou equivocadas, sobre restaurantes e hotéis podem causar uma série de prejuízos, tanto para os consumidores quanto para os negócios legítimos. Para os clientes, essas práticas distorcem a percepção de qualidade e podem levar a escolhas inadequadas, resultando em experiências frustrantes e desperdício de dinheiro. Já para os estabelecimentos, as avaliações feitas por leigos ou fraudulentas podem comprometer sua reputação, afastar clientes potenciais e desestabilizar a concorrência justa no mercado. Essa prática geralmente beneficia concorrentes desleais que apelam em publicidades falsas ou pessoas que desejam manipular rankings e atrair clientela para opções inferiores ou de menor confiabilidade.
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Você concorda que somos bombardeados por avaliações de pessoas que, muitas vezes, não têm o conhecimento necessário para avaliar com precisão (ou agem de má-fé), gerando julgamentos falsos ou equivocados que moldam nossas escolhas de forma distorcida? O que acha disso? Faz sentido?
Thiago Paes é colunista de Turismo e Gastronomia e esta nas redes sociais como @paespelomundo Apresentador em Travel Box Brazil. Press contato@paespelomundo.com.br
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