Inovação
O turismo estranho, o excêntrico e o esquisito
Conheça experiências turísticas que podem ser consideradas excêntricas aos olhos de muitos, mas que atraem um grande número de visitas
Antes de falar sobre turismo estranho, excêntrico e esquisito, o que diz o Dicionário Aurélio:
Estranho:
Etimologia (origem da palavra estranho). Do latim estraneus.a.um.
Que não se conhece; que apresenta mistério; que tende a ser enigmático; desconhecido: vi um objeto estranho.
Que provoca espanto; espantoso: hábitos estranhos.
Que, de certa maneira, foge às normas estabelecidas: comportamento estranho.
Excêntrico:
Etimologia (origem da palavra excêntrico). Do latim excentricus.a.um.
Que não se enquadra em padrões considerados normais; que pensa de modo extravagante.
Que distancia ou se extravia do centro; localizado de modo externo ao centro; que não possui nem compartilha o mesmo centro.
substantivo masculino
Pessoa que se comporta ou pensa de maneira incomum, extravagante.
Esquisito:
Etimologia (origem da palavra esquisito). Do latim exquisitus.a.um.
Feio; de aparência desagradável: animal esquisito.
Inexplicável; de difícil explicação: que situação esquisita!
Refinado; que expressa refinamento: refeição esquisita.
Raro; que não se encontra facilmente.
Assim, podemos adjetivar alguns comportamentos, interesses e buscas de turistas em geral. Costumo dizer que uma das grandes motivações de viagens são as possibilidades de conhecer o diferente. Desde que o mundo é mundo, a curiosidade move os seres humanos. Afinal, não consigo pensar em outra razão, que não fosse curiosidade, que fizesse alguém parar e pensar:
– Será que realmente o mar acaba na linha do horizonte?
– Como será que uma árvore gera fruto?
– Como acontecem as mudanças das estações ao longo do ano?
– Será que estamos sozinhos no planeta?
Mas, o que isso tem a ver com turismo e inovação?
A curiosidade está intrínseca aos dois temas, e, em relação ao turismo, ainda vem acompanhada por uma necessidade de novidade. Com o advento da globalização e avanço tecnológico, permitimos o encurtamento de distâncias, facilitamos o acesso à informação e criamos novos aparatos e ferramentas tecnológicas que influenciaram diretamente no comportamento e nos desejos dos turistas.
Assim, turistas passaram não só a ter mais autonomia e confiança para buscar viagens, como também passaram a ter possibilidade de buscar experiências fora dos tradicionais produtos e serviços turísticos ofertados em pacotes e roteiros previamente elaborados.
Isso significa que tornou-se possível dar um “toque” particular à viagem, despertando um novo leque de oportunidades aos destinos e incentivo a diversificação da oferta local.
Daí passam a surgir então as oportunidades de apresentar excentricidades, estranhezas e esquisitices mil. Importante destacar aqui que não há qualquer juízo de valor, eu mesma tenho minhas estranhezas em viagens.
Entre excentricidades, estranhezas e esquisitices, estão roteiros que envolvem visita a locais de risco natural, como vulcões, mergulhos em minas desativadas, pernoites em acampamentos inóspitos, viagens à cenários de programas de televisão que colocam à prova a sobrevivência humana, seja por altíssimas ou baixíssimas temperatura, dificuldade em encontrar alimento, risco de predadores, entre outros.
Na lista, seguem casas, cidades, equipamentos diversos considerados mal-assombrados, à exemplo dos tours em Nova Orleans, que possui uma herança cultural em torno de práticas vodu, e que teve a fama ampliada após o Furacão Katrina. Idas a cemitérios, seja para visita à túmulos de personalidades, admiração dos estilos de obras e construções, ou mesmo, participação em alguma atividade local, como realização de festivais de cinema de terror. Cenários de crimes, como roteiros pautados na vida e modus operandi de serial killers, à exemplo da rota sobre Jeffery Dahmer, o canibal de Milwauke. E penitenciárias, uma das mais visitadas inclusive é a Penitenciária de Alcatraz, nos Estados Unidos, desativada em 1963.
Sei que muitos destes pontos são polêmicos e, a depender da experiência, podemos ferir muitos envolvidos. Afinal, como lidar com o luto de famílias e demais envolvidos nos temas que despertam tanta curiosidade nas pessoas? Exemplo disso são as críticas constantes de turistas que fazem fotos “felizes” em memoriais e espaços de luto, como campos de concentração abertos à visitação, museus que tratam de temas como holocausto, loucura e tortura, além de memoriais como o construído em alusão às vítimas do 11 de setembro.
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De forma mais leve, existem ainda turistas que buscam vivenciar experiências como dormir em lugares inusitados, como quartos em encostas de serras e montanhas, iglus no meio do gelo, que diz muito mais sobre o limite entre coragem, risco e juízo, ou falta dele, para muitos.
Porém, de todos os perfis, o que me surpreendeu ao ler pesquisas sobre tendências e comportamento do turista, foi o crescimento das buscas por experiências para, literalmente, dormir! O recém chamado Turismo do Sono, uma das experiências que está como tendência, que nos faz refletir sobre o caminho que estamos trilhando.
Segundo dados da HTF Market Intelligence, o Turismo do sono impactou o setor em pouco mais de 640 bilhões e envolve desde cardápio de travesseiros, passando por oferta de massagens, preparos especiais nos quartos, restrições ao uso de celular, tudo para que o visitante possa desfrutar de momentos de descanso efetivo. A demanda se intensificou no período de pandemia e deve contribuir crescendo tendo em vista o modo de vida acelerado que vivenciamos.
Todas estas possibilidades e propostas só reforçam o fato de que turismo é atividade dinâmica e que precisa ser planejada, organizada e promovida da mesma forma. Assim, cada vez mais teremos novidades, mudanças e o constante desejo de viajar para lugares novos, ou retornar para destinos que nos encantam e surpreendem a cada visita.
E você? Já parou para pensar nas próprias estranhezas, esquisitices ou excentricidades quando viaja?
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