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De torresmo mineiro a cachaça alagoana: o Sambiquira em Curitiba prova que bar bom é boteco brasileiro

Conheça o novo bar Sambiquira que traz o charme do boteco brasileiro sem perder o requinte.

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Tira gosto composto por linguiça, pão francês cortado e farofa, no bar SAmbiquira
Bar Sambiquira em Curitiba/ PR (Foto: Thiago Paes)

Se me perguntam mundo a fora qual comida é bem brasileira, logo me vem à cabeça a feijoada, as moquecas, os camarões ao coco, o siri, entre outras delícias. Mas num segundo instante me vem memórias das esquinas repleta de bares nos bairros boêmios pelo Brasil. Aquelas porções de coxinhas e bolinhos de mandioca quase sempre acompanhadas de bandas de limão servidas em um bom boteco brasileiro.

Essa fotografia culinária bem brasileira tem a cara do Rio de Janeiro, do centro antigo do Recife, das esquinas da Savassi em BH, da vila Madalena em São Paulo ou de muitos outros bairros onde se venda cerveja gelada nas calçadas de ruas movimentadas.

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Desse modo, em Curitiba, o mais novo bar cheio de requinte do restaurateur Beto Madalosso, volta às origens do bom e velho boteco brasileiro. A tabela de preço em placas de montar com letras amarelas lembra as velhas vendas dos anos 80. Meu avô era dono de uma, e isso de fato me trouxe memórias afetivas.

Tabela de preços em placas de montar como nas vendas dos anos 80.
Bar Sambiquira em Curitiba/ PR (Foto: Thiago Paes)

Petiscos com referência à cozinha brasileira e mais além

Nesse caminho, o Sambiquira traz referências da culinária de boteco de Minas Gerais em diversas cachaças, no torresmo de ponta e até na forma de servir. E vai além. De Alagoas, a cachaça Gogó da Ema que reverencia um símbolo de Maceió. O velho coqueiro que de tão curvado parecia o gogó de uma Ema e por muitos anos foi uma marca do turismo da cidade (muitos lugares ainda guardam esse nome na memória).

Também trás o bolinho de bacalhau – tradição portuguesa enraizada na cultura do boteco brasileiro, principalmente carioca. Entretanto, no Sambiquira tornou-se um “Bolovo”, ou seja, bolinho de bacalhau com ovo dentro e com direito aquela gema mole, escorrendo.

Outra delícia incorporada ao cardápio, de origem alemã, mas já considerada culinária curitibana foi a “carne de onça”. Ela se assemelha a um rústico tartar de carne em cima de um pão (ou broa) coberto com mostarda escura. O petisco é servido em uma porção individual. Talvez para dar a oportunidade ao cliente de provar muitos outros petiscos como o tempurá de quiabo, a polenta frita ou a kafta de cordeiro.

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O torresmo de pururuca crocante e carne macia me chamou atenção. Sem camadas de gorduras, realmente macio e suculento, é disparado o prato mais pedido da casa. “O segredo está na técnica, em fritar só de um lado” explicou o gerente Thiago, com a mesma simpatia do atendente Sebastian, venezuelano que trabalha ali.

Opção para todos os gostos

Faz um tempo que tenho resistido ir a botecos, principalmente pelo cardápio repleto de frituras como é tradicionalmente concebido. Entretanto, sem mexer nas tradições, o Sambiquira separa frituras dos assados. Dessa maneira traz mais saudabilidade para aquelas noites divertidas com amigos regadas a brasilidades.

Entre sotaques, cores, placas, sabores, origens e muito bom gosto, é fácil perceber que o Sambiquira é um lugar diferenciado. Assim como é o Brasil, um país miscigenado também na culinária. Falar de gastronomia brasileira e ter o boteco como um símbolo nacional é falar da imigração portuguesa, francesa, alemã, italiana. E o Sambiquira, que significa “cu de galinha”, tem tudo a ver com a irreverência inteligente e politizada empregada também nas molduras e placas decorativas do bar. Gosto assim!

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.