Turismo e Gastronomia
Garbo e Hai Yo: a culinária brasileira e oriental do Grand Mercure Rayon, ícone da hotelaria curitibana
De Baião de dois a sakês de dez mil reais, os sabores regionais e sofisticados do Rayon
Clássicos deixam de ser o hype do momento e ingressam em outro patamar de posicionamento, preservando sua história, tonando-se ícone de uma região. Inaugurado em 1993, o Hotel Grand Mercure Curitiba Rayon é exemplo dessa hospitalidade que ultrapassa gerações e se consolida como um marco na cidade. A arquitetura imponente no multicultural bairro centro revela um hotel sofisticado e bastante gastronômico.
No saguão principal do Grand Mercure Rayon a decoração chama atenção por trazer o hóspede da agitação da cidade para um momento calmo, elegante, em traços culturais entre livros e obras de arte. Um primor aos cuidados minuciosos do gerente geral Fernando Kanbara. No primeiro andar, dois restaurantes que vem ganhando espaço na cena gastronômica nacional. O primeiro deles, o oriental Hai Yo, premiado entre os 100 melhores restaurantes do Brasil e o mais novo empreendimento, o Garbo, que há um ano vem apresentando em soft open uma culinária brasileira com toques internacionais.
Provocações gastronômicas
O Hai Yo é daqueles restaurantes que provocam o repertório gastronômico mesmo daqueles clientes que possuem vasto referencial pelo mundo. Ao oferecer língua extremamente temperada e glaceada, acompanhada com purê de cenoura no menu degustação, o chef Lucas Coelho realmente vai além das expectativas.
E não fica só por ai. O menu estreia este agosto com uma receita de rã à provençal, mas não de forma clássica e sim empanada e acompanhada de vinagrete e grãos. Na sequência em diferentes etapas, os clássicos orientais como o Maguro Nuta, a seleção de sushis e sashimis, além da sobremesa com machá.
Sofisticados Sakês
A sofisticação é tanta que o Hai Yo tem em seu menu de saquês rótulos exclusivos como japonês Sake Zankyo Super 7, 2003, custando R$10.000,00 a garrafa. Ou ainda o Hakutsuru Tenku, por R$5.000,00 a garrafa. A variedade é surpreendente, inclusive com taças por apenas R$45.
Recentemente o Hai Yo trouxe pela primeira vez para Curitiba, o Sakê Samurai Alexandre Tatsuya Iida, um dos dois únicos someliers de sakê da América Latina, representante da Associação Brasileira de Gastronomia Japonesa, que apresentou técnicas e táticas da cultura japonesa à mesa.
Brasilidades
Do outro lado e no mesmo andar, o surpreendente Garbo. Um restaurante discreto, ocasional, no mesmo lugar onde acontece o delicioso café da manhã do Hotel e ao mesmo tempo de culinária encantadora. Eu que morei alguns anos no Ceará e em Alagoas sinto-me bem a vontade para falar dos sabores e das nuances que permeiam a culinária nordestina, umas das brasilidades trazidas pelo Garbo.
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Provei um dos melhores “Baião de Dois” de todos os tempos. Antes de mais nada, desculpe-me os clássicos – aqueles que levam arroz e feijão grudadinho com cubinhos de queijo coalho – que são fantásticos também. Mas esse “baião de dois” do Garbo é espetacular, merecedor de prêmios.
Com um toque tailandês
O chef André Zioli conseguiu trazer as melhores referências da culinária nordestino-sertaneja e ao mesmo tempo dar um toque internacional, com as finas rodelas de pimenta – o que me remeteu a culinária Tailandesa, o preparo caldoso como um prato espanhol, enfim, espetacular.
Outro toque tailandês está na entrada de siri. Um snack de siri catado com banana da terra, folha de couve e melado de tucupi. Um primor. Se a folha fosse um pouquinho maior (fica aqui minha sugestão) teríamos a mesma experiência que um clássico tailandês, o “Meang Kham” ou simplesmente a entrada de folha de Cha-Pu (uma variante do chá preto), com pedacinhos de gengibre, cebola roxa, pimenta, limão, amendoim e um molho doce feito a base de açúcar de coco.
Outro prato simples e que me chamou atenção foi a parmegiana. Brasilidade?! E quem não é um pouco italiano por aqui!? Mas para deixar ainda mais brasileiro, o chef André usou um queijo tipo colonial, sem aquele “puxa-puxa” dos queijos muçarelas mais americanizados. Detalhe que deixou a receita especial.
Para finalizar, – não é exagero – uma das melhores cheesecake que já provei. Macia, feita como uma torta caseira (deu para imaginar aquela sobremesa saindo do forno) quentinha e coberta com doce de leite. Fiquei de voltar e provar as massas, a galinhada, a moqueca. Se for tão incrível quanto o “baião de dois” já quero voltar.
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Quem chega a primeira vez em cidades cosmopolitas e discretas como Curitiba se surpreende com a beleza do centro da cidade, com prêmios como “cidade mais inteligente do mundo”, mas também com uma cena gastronômica de alto nível que vem conquistando seu espaço no cenário nacional e revelando encontros como este do Grand Mercure Curitiba Rayon, onde reúne o melhor da hospitalidade ao melhor da gastronomia. Esse é o caminho. Bravo!
Thiago Paes é colunista de turismo e gastronomia e está nas redes sociais como @paespelomundo. É apresentador de tv no canal Travel Box Brazil. Press: contato@paespelomundo.com.br
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