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Foco em pessoas e práticas de ESG são debates centrais do 2º Congresso Nacional de Turismo e Cultura Sustentável

Evento aconteceu em Belo Horizonte e recebeu o trade do turismo para debater o futuro do desenvolvimento do setor

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(Foto: Uai Turismo)

O futuro do turismo precisa ser debatido hoje. Temas como sustentabilidade e regeneração deixaram de ser diferenciais e passaram a fazer parte das estratégias fundamentais de destinos e empreendimentos sérios. O setor, que geralmente chega por último nas discussões, está sendo ensinado a adotar antecipadamente medidas de competitividade e resiliência que proporcionem um desenvolvimento coerente e responsável. Essas discussões permearam o 2º Congresso Nacional de Turismo e Cultura Sustentável (CTCS), que aconteceu em Belo Horizonte nos dias 1 e 2 de outubro. 

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O evento teve como proposta conectar o trade do turismo, em especial gestores de Instâncias de Governança Regionais (IGRs) com agências, a fim de levar produtos turísticos prontos “para a prateleira”, e também capacitar esse público para que consigam desenvolver e fomentar o turismo de maneira sustentável. Dessa forma, o congresso colocou o foco em pessoas, adoção de práticas de ESG, inovação e o futuro dos territórios no centro do debate sobre o avanço do turismo nacional. 

Em um momento em que o Brasil está quebrando recordes, com expectativa de atingir a marca de 8 milhões de turistas internacionais pela primeira vez, — um número que ainda é comparavelmente pequeno, já que esse é o número de turistas que a Torre Eiffel recebe sozinha por ano  — o debate sobre um crescer estruturado do turismo deve ser o foco das discussões do setor. O turismo não pode apenas crescer em números, mas sim de modo que gere retorno e desenvolvimento. 

O Brasil tem se tornado uma nova tendência global, as pessoas estão vestindo, assistindo e saboreando o país mundo a fora. Por isso, é necessário, além de investir na estruturação, apostar em experiências turísticas autênticas, diversas e sustentáveis que façam o turista internacional sentir necessidade de vir ao país, com coisas que ele não encontra em nenhum outro lugar, que “só tem no Brasil”. O investimento em diretrizes ESG (Ambiental, Social e Governança) também precisam permear esse desenvolvimento, uma vez que tem sido valorizadas cada vez mais por esse turista. 

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Pessoas precisam ser o centro 

O fato do turismo ser um processo coletivo, feito de pessoas e para pessoas, foi um dos principais pontos ressaltados no 2º CTCS. A estruturação turística precisa ter o ser humano como foco principal, a começar pela comunidade local do destino turístico. Afinal, se a população não for feliz onde habita, dificilmente o turista também será. Entretanto, como apontado por Luiz Cláudio de Oliveira (Instituto Espinhaço), nos últimos anos, o setor tem se tornado especialista em transformar pessoas em objeto, demonstrando falta de outridade — a capacidade de reconhecer plenamente a existência de outro indivíduo. Essa visão tem contribuido para uma “cultura de desesperança” e uma narrativa que nos distancia e nos faz desconfiar uns dos outros, isolando comunidades e tornando-as frágeis. O desenvolvimento, portanto, só acontece quando há envolvimento entre pessoas e dessas pessoas com o ambiente. 

Com isso, levanta-se a reflexão: se a atividade turística é construída por todos, por que ainda é um setor tão pouco compreendido e valorizado? 

Um dos grandes problemas do turismo é a abundância de teorias e a pouca prática levada ao pé da letra. A falta de investimento e apoio no setor faz com que muitas discussões fiquem apenas no campo das ideias. A mudança precisa acontecer pela base: as pessoas das comunidades precisam ter retorno pelo turismo que acontece no destino, seja de maneira direta ou indireta. Além do retorno econômico, a localidade precisa apresentar desenvolvimento, sem perder suas características e muito menos se tornar inviável para seus moradores. 

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Desenvolvimento estratégico e sustentável

Um dos grandes pilares da mudança para impulsionar o turismo a longo prazo, é pensar os territórios além do tempo do governo, já que a atividade turística demanda tempo para se desenvolver. O setor é uma consequência, uma evolução, e não algo que surge do nada. Dessa forma, o desenvolvimento precisa estar alinhado com as macro tendências globais de sustentabilidade, bem-estar e tecnologia, com foco em integrar ESG e inovação em suas estratégias. 

Caio Iglesias (Embratur) apontou estratégias de desenvolvimento sustentável que a agência tem adotado para gerar o retorno que o Brasil tem acompanhado, como a leitura de dados, através de ferramentas que auxiliem a mensurar a maior quantidade de dados possíveis, e uma promoção positiva do país, promovendo uma boa imagem do Brasil, atraindo o turista internacional com a certeza de que as ações promovidas são reais. 

Cássio Garkalns (GKS Inteligência Territorial) reforçou como forma de evitar o greenwashing (promover ações que não acontecem), a necessidade de adotar indicadotes que garantam que o investimento ESG está gerando retorno para empresas, governo e destinos, fortalecendo a reputação junto ao consumidor. 

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São práticas que podem ser adotadas:

  • Certificações confiáveis: programas como o Green Key, — uma das principais certificações internacionais para estabelecimentos turísticos — que premiam empreendimentos que mantém ações de sustentabilidade robustas;
  • Tecnologia a serviço do processo: Programas de inovação e aceleração, que fortaleçam empreendimentos e destinos turísticos;
  • Planejamento territorial: o planejamento turístico deve acontecer, essencialmente, antes do destino começar a receber turísticas, sendo a capacidade de carga da localidade um tema que deve permear esse processo;
  • Governança eficiente: medidas que ajudam a monitorar o turismo na região, como o Voucher do Turismo em Bonito (MS), que é um case de sucesso em que a política pública trabalha junto à iniciativa privada no controle da entrada de turistas, gera dados de visitação e recursos para o fundo de turismo.

O grande desafio do turismo é trabalhar o desenvolvimento do setor de forma justa, sustentável e a longo prazo, com a capacidade de imaginar e construir um mundo novo, promovendo experiências que atravessem pessoas, a ponto de marcá-las verdadeiramente.

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