Transição verde e turismo aquecem a agenda entre Brasil e China
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Transição verde, energia e turismo aquecem a agenda entre Brasil e China

A expansão dos investimentos chineses em setores estratégicos está transformando regiões brasileiras, gerando empregos qualificados e fortalecendo a economia nacional.

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Os presidentes da China, Xi Jinping e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Em conversa com jornalistas na manhã de 6 de maio no Palácio Itamaraty, o embaixador Eduardo Saboia, secretário de Ásia e Pacífico do Ministério das Relações Exteriores, contextualizou sobre os diversos cenários envolvendo a quarta visita de Estado do presidente Lula até Pequim, na China. A previsão é que ocorra a assinatura de atos em diversas áreas como desenvolvimento sustentável, turismo, esportes, saúde, educação, cultura, agricultura, comércio, investimentos, infraestrutura, indústria, energia, mineração, finanças, ciência e tecnologia, comunicações. “A magnitude da relação com a China é conhecida. Do ponto de vista comercial, as nossas exportações para a China são superiores às nossas vendas para os Estados Unidos e para a União Europeia. O Brasil é o sétimo principal fornecedor da China. Então é um momento de explorar novas vertentes de cooperação“, disse Saboia.

O setor de energia é o carro-chefe desses investimentos. Entre 2007 e 2022, as áreas de geração, transmissão e distribuição de eletricidade receberam US$ 32,5 bilhões dos US$ 71,6 bilhões investidos por empresas chinesas no Brasil. Três estatais — State Grid, China Three Gorges (CTG) e State Power Investment Corporation (SPIC) — lideraram os maiores projetos. Um exemplo emblemático é o Linhão de Belo Monte, operado pela State Grid, que fornece energia renovável para mais de 60 milhões de brasileiros e gera cerca de 5 mil empregos diretos. A empresa ainda controla 14 linhas de transmissão de energia em território nacional, atuando ativamente no projeto de integração do sistema elétrico brasileiro.

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Infraestrutura e sustentabilidade são essenciais para o futuro do turismo

Mais recentemente, novas movimentações indicam uma transição na agenda de investimentos chineses no país, com crescente foco em mobilidade elétrica e minerais críticos — duas variáveis centrais no processo global de transição energética. Esse novo direcionamento está moldando o futuro da cooperação bilateral, com foco no potencial de ambas as nações para a reindustrialização verde e o avanço tecnológico. No setor automotivo, essa tendência já começa a se concretizar: a partir de 2025, as montadoras chinesas BYD e GWM iniciarão a produção de veículos elétricos e híbridos no Brasil, nas cidades de Camaçari (BA) e Iracemápolis (SP), respectivamente. Os projetos, além de impulsionarem a mobilidade sustentável — ajudando a reduzir a poluição ambiental e sonora nos centros urbanos —, geram milhares de empregos qualificados, fortalecendo a indústria nacional e o turismo sustentável.

A infraestrutura é outro setor em que a presença chinesa cresce. De 2019 a 2024, os investimentos chineses em infraestrutura no Brasil somaram US$ 25 bilhões, gerando mais de 10 mil empregos diretos, de acordo com o Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC). Esse aporte tem sido fundamental na modernização da logística brasileira, contribuindo para a redução de gargalos e o aumento da competitividade do agronegócio e outros setores.

Parceria para o desenvolvimento do turismo

No campo do turismo, a diretoria do Grupo Tauá de Hotéis e Resorts realizou uma missão de benchmarking em hotelaria na China por 15 dias para explorar de perto as inovações que estão redefinindo a experiência do hóspede. Segundo o Diretor de Tecnologia da Informação do Grupo Tauá, Fabio Estevez, tecnologia, personalização e sustentabilidade estão no centro dessa transformação. “Xangai é um lembrete vivo de que o futuro não espera. E os hotéis não ficam para trás. Foi uma oportunidade de aprender com quem está ditando o ritmo da hospitalidade no mundo”, comentou o Estevez.

Em abril, durante a WTM Latin America 2025, em São Paulo, a Embratur realizou uma Rodada de Negócios com operadores internacionais convidados. A ação teve como objetivo ampliar a participação das micro e pequenas empresas brasileiras no mercado internacional, bem como consolidar o Brasil como um destino turístico competitivo e diversificado. A presença de representantes da China foi estratégica para ampliar a inserção do Brasil neste mercado e fortalecer novas rotas turísticas. “A presença de compradores desses países é fundamental para retomar o trabalho com o mercado chinês, especialmente no contexto da nossa participação na ITB China, em Xangai, no próximo mês”, enfatizou Alisson Andrade, coordenador de Mercados Internacionais da Embratur.

A ITB China 2025 é uma feira de turismo B2B, dedicada exclusivamente ao mercado de viagens chinês. O evento ocorrerá de 27 a 29 de maio de 2025 no Shanghai World Expo Exhibition & Convention Center, em Xangai, China.

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Parceria e cooperação

Os investimentos chineses no Brasil têm promovido impactos estruturantes e duradouros. Mais do que injetar capital, a China tem contribuído para fortalecer a base produtiva do país, estimular a industrialização em regiões fora dos grandes centros e impulsionar a geração de empregos qualificados. Ao priorizar setores estratégicos e apostar na capacitação da mão de obra local, os chineses têm atuado como parceiros no enfrentamento das desigualdades regionais e na construção de um desenvolvimento mais equilibrado. Esse modelo de cooperação tem se destacado pelo foco em resultados concretos e benefícios mútuos. A postura pragmática e respeitosa da China tem despertado o interesse também de estados e municípios brasileiros, que enxergam nas parcerias com empresas chinesas uma oportunidade real de impulsionar o desenvolvimento local com eficiência e autonomia.

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