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É possível viajar o mundo sem conhecer a Índia?

Do sul ao extremo norte, um país de contrates como o Brasil.

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Peregrinação em volta da montanha de Arunachala, em Tamil Nadu, sul da Índia (Foto: @paespelomundo)

Toda viagem começa com um porquê, ou talvez um para que. O país mais populoso do mundo, que em 2023 alcançou a marca de 1.428.000 (um bilhão, quatrocentos e vinte e oito milhões) de habitantes ainda é cercado de estereótipos no imaginário do turista brasileiro. Ao mesmo tempo que é venerado por uns, é distanciado por outros. Então, por que conhecer a Índia?

Estive duas vezes nesse país da Ásia Central. A primeira delas em 2018, após insistência de uma parente agente de viagens que leva grupos de brasileiros para viagens imersivas em países exóticos, e principalmente na Índia. Não estava em minhas prioridades. Mas aceitei o desafio porque a mesma viagem seria também pelo Sri Lanka e Maldivas.

Foram 25 dias de descobertas, de quebra de paradigmas. Ao mesmo tempo que me deparava com diferenças culturais, sociais, encontrava um país repleto de semelhanças com o Brasil. E desde a chegada a gente sente que a Índia tem uma força que te abraça ou te expulsa. Ou dá tudo certo para você ou seus dias se tornam um problema. É o encontro com o karma.

Muito além dos Templos

E aos poucos os dias vão ficando mais fáceis. Daí encontrei sapoti, grão de bico, chá com leite, tuk tuk, templos, entre lugares e histórias incríveis. Ainda na primeira vez eu conheci o sul, na região de Tamil Nadu. Subimos o monte sagrado, nos hospedamos num exótico hotel de luxo na montanha, peregrinamos celebrando o punjal. Conheci na cidade de pondicherry, ex-colônia francesa, um dos lugares que mais me impressionou nessa viagem: a comunidade de Auroville. Um lugar único, criado como um experimento de uma nova vida, repleta de ensinamentos, uma nova oportunidade para o homem na terra. Seu símbolo: um gigantesco templo dourado em forma de bola de golf.

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É claro que eu tinha que entrar no templo de Matrimandir e vivenciar aquela experiência única. Na chegada, a preparação incluía mais de 1h em silêncio, que continuaria dentro do templo. Subi as ladeiras pela lateral para o primeiro e segundo piso, tudo em branco. No último andar um enorme cristal ao centro. Foi o meu primeiro encontro verdadeiro com a meditação, com o estado meditativo. Em Auroville não existe religião, política ou qualquer outra coisa preponderante. Está aberta a todos, sem distinção. Inexplicável.

Dr. Carlos Marmanillo, médico curitibano em peregrinação junto ao grupo de viagens (foto: @paespelomundo)

A segunda vez que estive na Índia foi no final de 2022 para uma viagem pelos países budistas do Himalaia. A enorme cordilheira passa pela Índia e outros 5 países. Conhecemos o extremo norte do país, o Nepal e o Butão.

Em Délhi, uma Índia badalada, de restaurantes com temperos curiosos, comércio de artesanatos e enfeites para as festas típicas a cafeterias sofisticadas. É na capital do país que fica o Templo de Lótus. Desde sua inauguração em 1986 atrai milhares de turistas, sendo uma das principais atrações turísticas da cidade, inclusive pela beleza arquitetônica, que já foi diversas vezes premiada, mas também, pela religiosidade uma vez que o lugar é uma casa de adoração Baha`i (existem várias pelo mundo). Mais uma vez um lugar ecumênico, aberto a todos.

Casa de adoração Baha`i, Templo de Lótus. Nova Délhi, Índia. (Foto: @paespelomundo)


Na Índia, há muitas Índias… é como no Brasil. A desigualdade social e econômica é evidente, não precisa nem buscar os números, as estatísticas. Mas também como no Brasil a Índia é um país de pessoas curiosas, criativas, felizes. A gente vê muitos lugares simples, mas também muita generosidade.
 
Foto: @paespelomundo

Dessa vez tive a oportunidade de gravar um documentário sobre fazer turismo nos países budistas do Himalaia que está disponível em 12 episódios no canal do Youtube. De Délhi ao extremo norte da Índia, a 3.500m de altitude, e depois pelo Nepal e Butão, onde vivi momentos surreais.

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Talvez tenhamos que redefinir o “conhecer” das nossas viagens. Talvez não seja suficiente “fazer check in”, “postar a foto”, “entrar na trend”. Para um bom viajante, não há o que se comparar, mas sim, o que viver, o interagir com o anfitrião que nos recebe, que nos espera.

A resposta é não. Pense Nisso!

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