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Afroturismo: promovendo a inclusão e diversidade no setor do turismo

Você conhece o conceito de afroturismo e o seu potencial estratégico para atrair turistas? Compreenda essa realidade e explore novas perspectivas e oportunidades de negócio.

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Foto: Adobe Stock

A crescente conscientização sobre as questões sociais, ambientais e de governança tem impulsionado diversos setores, e o turismo não é exceção. No Brasil, país com uma rica diversidade cultural e étnica, o afroturismo ganha cada vez mais destaque por ser uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento.

Por isso em novembro, mês da Consciência Negra, apresentamos o conceito de afroturismo e os benefícios desse segmento que se apresenta como prioritário na estratégia de diversificação dos produtos turísticos por todo o país.

Mas afinal o que é afroturismo? Afroturismo é uma vertente do turismo cultural étnico, que valoriza e promove a história, cultura, patrimônio e legado das comunidades negras, com o objetivo de destacar a cultura negra e promover inclusão e diversidade no setor do turismo.

O afroturismo também é responsável por tornar mais segura a experiência de viajantes negros pelo Brasil através de ações afirmativas e de acolhimento da população preta.

De acordo com Milena Manhães Rodrigues, doutoranda em Turismo pela USP, “embora sejamos mais de 50% dos brasileiros, as memórias e legados da população e do movimento negro não costumam estar nos roteiros, nos guias, nem identificados nas placas e mapas oficiais do turismo”  por isso “o afroturismo é uma importante pauta social e uma tendência mundial de mercado, inclusive no Brasil, que o estabeleceu como uma das prioridades da Embratur – Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo”

O presidente da Embratur, Marcelo Freixo, destacou que o setor do turismo corresponde a 7,8% do PIB e o afroturismo tem amplo potencial de crescimento. Destacou, ainda, que o desenvolvimento dessa atividade também é estratégico no combate ao racismo estrutural no país.  O segmento é um dos pilares da atual gestão da Embratur, que quer mostrar um Brasil que combate o racismo e busca fortalecer o afroempreendedorismo.

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Assim, o afroturismo é um conjunto de práticas de resgate, valorização, preservação, e reconexão com a identidade e história por meio de bens culturais, materiais e imateriais tendo sujeitos negros como protagonistas.

Em um país com uma das maiores populações negras do mundo, o afroturismo se torna uma maneira vital de reconhecer e valorizar a herança e a história afro-brasileira. Minas Gerais, conhecida por sua vasta herança cultural e paisagens deslumbrantes, está se destacando cada vez mais no cenário do turismo. E para tornar a experiência turística ainda mais enriquecedora o estado tem investido nessa vertente essencial: o afroturismo.

Valorização da identidade e herança afro-brasileira

O afroturismo em Minas Gerais não apenas destaca os aspectos da história e cultura negra, mas também busca promover o reconhecimento da contribuição da população negra para a formação da sociedade. Por meio de roteiros que operam comunidades quilombolas, periféricas e locais de relevância histórica para a população negra, Minas Gerais abre portas para experiências enriquecedoras.

Empoderamento econômico e social

Além de ser uma forma de reconectar-se com a identidade e história, o afroturismo também tem um impacto significativo na economia local. Um mapeamento realizado pela Diáspora Black[1] revela que a maior parte das empresas que atuam nesse segmento é liderada por mulheres, evidenciando não só a força do empreendedorismo feminino, mas também o potencial de crescimento e desenvolvimento econômico advindo do afroturismo.

Construindo o futuro do turismo em Minas Gerais

Com a ampliação da oferta de roteiros, passeios, pontos históricos, museus e experiências culturais voltadas para a valorização da cultura afro-brasileira, Minas Gerais se destaca como um destino que abraça a diversidade e a inclusão.

Desafios e Oportunidades

O crescimento do afroturismo não é apenas uma tendência, mas uma necessidade no cenário turístico. Assim, este segmento apresenta uma oportunidade valiosa para as empresas do setor turístico. O público interessado no afroturismo está em busca de experiências autênticas e imersivas que permitam uma compreensão mais profunda da cultura afro-brasileira.

Aqui estão algumas dicas para que as empresas de turismo possam atender a esse novo mercado de maneira eficaz:

  1. Educação e conscientização: capacitar os funcionários e guias turísticos sobre a história afro-brasileira é fundamental. É importante oferecer treinamentos e materiais educativos que abordem a história, as tradições e a cultura negra. Isso garantirá uma experiência autêntica e respeitosa.
  2. Parcerias locais e inclusão: estabelecer parcerias com empreendimentos e comunidades locais é crucial para oferecer uma autenticidade genuína nas experiências oferecidas. Incluir negócios e atrações gerenciadas por pessoas negras contribui para a representatividade e valorização.
  3. Roteiros e experiências culturais específicas: desenvolver roteiros turísticos que destaquem a história e a influência afro-brasileira é fundamental. Visitas a museus, espaços e manifestações culturais, festivais, apresentações de dança, música e culinária típica são exemplos de experiências enriquecedoras.
  4. Respeito e preservação cultural: é crucial que as empresas do setor turístico garantam o respeito e a preservação das tradições culturais. As práticas turísticas devem ser desenvolvidas de forma a proteger e preservar o patrimônio da cultura negra, evitando a apropriação cultural ou desrespeito às tradições.

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Minas Gerais oferece uma gama de possibilidades para explorar o afroturismo. Cidades como Ouro Preto, Mariana, Congonhas, Diamantina, Paracatu e diversas outras espalhadas pelo estado apresentam uma riqueza cultural única, refletindo a herança afro-brasileira.

Além disso, festas religiosas e a culinária típica são experiências que proporcionam uma imersão nas tradições e sabores afro-brasileiros em Minas Gerais.

O crescimento do afroturismo oferece oportunidades não apenas para a indústria do turismo, mas também para a economia local, promovendo inclusão, diversidade e um entendimento mais amplo da história e identidade brasileiras.

É uma abordagem que coloca a história, cultura e contribuições da população negra no centro da experiência do viajante. Além disso, oferece uma oportunidade para se recontar a história da escravização, resistência, tradições religiosas, gastronomia e manifestações artísticas afro-brasileiras.

As empresas que investirem no afroturismo estarão não apenas atendendo a uma demanda crescente por experiências culturais autênticas, mas também contribuindo para promover a justiça social, a igualdade e a inclusão de comunidades que foram, historicamente, marginalizadas. Este é um passo significativo na direção de um turismo mais consciente e enriquecedor, que valoriza e celebra a riqueza da herança negra em Minas Gerais.

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O afroturismo é mais do que uma forma de viajar, é uma maneira de abraçar a história e a cultura de um povo, enriquecendo não apenas a experiência turística, mas também contribuindo para a construção de uma sociedade mais inclusiva e igualitária.


[1] Fundada em 2016, a Diáspora Black é uma startup que agrega serviços e produtos focados na cultura negra.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.