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Estamos testemunhando o fim das redes sociais?

Entenda como a geração Z utiliza as redes sociais e as transformações pelas quais esse modelo de conexão social está passando.

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Foto: Thiago Akira/ Midjourney

Em uma era digital que avança a passos largos, as redes sociais, que um dia foram o epicentro das conexões pessoais e da autenticidade, estão atravessando uma transformação profunda. Com o Facebook marcando duas décadas de existência, esse momento não simboliza apenas uma passagem de tempo, mas um verdadeiro ponto de virada, sinalizando uma evolução nas plataformas sociais. A revista The Economist, ao explorar essa temática, não sugere o fim dessas plataformas, mas sim uma mudança essencial: a transição do foco em conectar pessoas entre si para conectar pessoas a conteúdos.

Essa transformação não é apenas um ajuste superficial ou uma atualização tecnológica, representa uma redefinição do propósito das redes sociais. Se antes o valor dessas plataformas estava na conexão entre amigos, familiares e conhecidos, agora, impulsionadas por algoritmos avançados, elas visam conectar os usuários a um vasto universo de conteúdos, estendendo-se além de suas redes sociais imediatas. TikTok, Instagram, Facebook e outras plataformas estão se tornando veículos de curadoria personalizada, onde o conteúdo de influenciadores, criadores e até desconhecidos ganha destaque, rebaixando as publicações de amigos a um plano secundário.

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Pesquisas recentes apontam para uma tendência de afastamento das redes sociais tradicionais em favor de plataformas que oferecem uma curadoria de conteúdo mais personalizada. Um estudo da Pew Research Center revelou que aproximadamente 55% dos jovens adultos em países desenvolvidos reportam uma redução no uso de redes sociais convencionais, preferindo novas plataformas como o TikTok, que viu seu número de usuários globais saltar para mais de 1 bilhão em menos de cinco anos desde seu lançamento. Além disso, um relatório da eMarketer apontou que o tempo médio diário gasto em redes sociais tem se mantido estável ou diminuído ligeiramente em alguns países, enquanto o engajamento em plataformas como o TikTok continua a crescer, evidenciando uma mudança no consumo de conteúdo digital.

Esta evolução traz consigo o fenômeno das relações parassociais, onde seguidores desenvolvem um senso de proximidade e intimidade com personalidades e criadores de conteúdo que, na realidade, desconhecem completamente. Essas relações, mediadas por algoritmos, criam uma ilusão de interação pessoal onde não existe reciprocidade, é uma relação de mão única. A popularidade do TikTok ilustra a redução das conexões sociais que antes era central para a experiência em redes sociais. Neste novo modelo, não é necessário seguir ativamente outros usuários para receber conteúdo relevante, os algoritmos assumem o papel de curadores, aprendendo as preferências do usuário e entregando um fluxo constante de conteúdos personalizados. Esta abordagem transformou as plataformas sociais em algo semelhante a uma TV interativa, onde cada “canal” é ajustado aos interesses individuais do espectador, oferecendo uma experiência altamente engajadora, mas também mais isolada.

O fenômeno do uso do TikTok substituindo o Google, especialmente entre os mais jovens, reflete uma transformação significativa no comportamento de busca de informações na era digital. Pesquisas recentes têm evidenciado essa tendência, destacando a mudança de paradigma na forma como a geração Z busca conteúdo online. Esse fato foi comprovado numa conversa que tive com minhas sobrinhas (uma de 16 e outra de 18 anos) recentemente quando perguntei como elas costumam fazer buscas pela internet. A resposta foi: “Primeiro buscamos no TikTok e se não encontrarmos informação suficiente ou se duvidarmos do que encontramos, daí sim vamos para o Google.” Perguntei em seguida o por quê dessa preferência e a resposta foi: “Porque é bem melhor ver a resposta em vídeo e é sempre mais rápido, sem enrolação.” Isso comprova que o formato e velocidade estão ganhando nessa corrida.

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Uma pesquisa conduzida pela Her Campus Media, uma empresa de mídia e marketing universitário, revelou que 51% da geração Z prefere usar o TikTok como mecanismo de busca ao invés do Google. Essa preferência destaca a inclinação dos mais jovens pelo consumo de conteúdo em formato de vídeo, abandonando as buscas tradicionais na internet (Mundo Conectado, 2023).

Ademais, outra pesquisa apontou que 74% da geração Z utiliza o TikTok para pesquisas, com 51% dos entrevistados escolhendo explicitamente o TikTok em relação ao Google como seu mecanismo de busca preferido. As razões para essa preferência incluem o formato de vídeo dos resultados (69%), respostas mais relacionáveis (65%) e respostas personalizadas (47%) (E-commerce Brasil, 2023).

Essas pesquisas sublinham uma preferência clara da geração mais jovem pelo conteúdo dinâmico e visualmente estimulante oferecido pelo TikTok, contrastando com o formato mais estático e baseado em texto do Google. Além disso, a capacidade do TikTok de oferecer respostas personalizadas e relacionáveis, muitas vezes por meio de criadores de conteúdo com os quais os usuários sentem uma conexão, parece ser um fator chave nessa mudança de comportamento.

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Este fenômeno desafia as plataformas de busca tradicionais a repensarem seus modelos de entrega de conteúdo, para se adaptarem às preferências em evolução dos consumidores digitais mais jovens. À medida que o TikTok e outras plataformas de mídia social continuam a crescer em popularidade como fontes primárias de informação e entretenimento, é provável que vejamos inovações contínuas na forma como as informações são buscadas e consumidas online.

Contudo, este novo paradigma enfrenta desafios, especialmente em relação à governança digital e à ética na curadoria de conteúdo. A personalização extrema pode intensificar bolhas ideológicas e aumentar a polarização. Além disso, questões de privacidade dos dados, fake news e transparência dos algoritmos se tornam mais críticas, exigindo uma postura responsável das plataformas.

Portanto, as redes sociais não estão desaparecendo, estão se adaptando às novas demandas dos usuários, que buscam não só manter conexões sociais, mas também consumir conteúdo relevante, envolvente e personalizado. Este novo capítulo promete revolucionar a forma como interagimos online, desafiando nossa percepção e relação com o mundo digital.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.